Ontem chorei.
Por tudo que fomos.
Por tudo o que n�o conseguimos ser.
Por tudo que se perdeu.
Por termos nos perdido.
Pelo que quer�amos que fosse e n�o foi.
Pela ren�ncia.
Por valores n�o dados.
Por erros cometidos.
Acertos n�o comemorados.
Palavras dissipadas.
Versos brancos.
Chorei pela guerra cotidiana.
Pelas tentativas de sobreviv�ncia.
Pelos apelos de paz n�o atendidos.
Pelo amor derramado.
Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E n�o volta mais, pois que hoje � j� outro dia. Chorei.
Caio F. Abreu