Fecho os olhos...
Em sonhos te chamo ao meu corpo...
� minha cama de espinhos...
Aos meus len��is de amargura...
Ao meu sono inquieto...
�s minhas madrugadas de m�goa...
Chamo-te � minha noite vazia...
ao meu olhar de ternura...
Sou uma p�tala a entardecer...
uma folha seca de outono...
Nua de mim...
despida de ti...
sou o que sobrou da ilus�o...
Uma p�lida boca...
um triste sorriso...
despido de sonho...
Silencioso grito...
num corpo de mulher vestido de solid�o...
Comigo dorme a noite...
a noite negra...
o vazio dos bra�os...
E o sil�ncio sufocado...
e as m�os sem nada e eu sem mim...
E o corpo adormecido...
e a dor que me prende...
E o tempo que se esvai...
e este labirinto onde me perdi...
Tenho as asas cansadas...
o cora��o ferido...
a boca despida...
Os sonhos rasgados...
os passos perdidos...
o olhar vazio...
O azul enegrecido...
o c�u t�o longe...
e eu de mim esquecida...
E os len��is gelados...
e a pele sem ti...
e a mulher com frio...
Entardeci e envelheci...
perdida de mim e esquecida de ser...
Esperei-te era rosa...
fiz-me espinho...
Caminhei pelas pedras...
chorei invernos...
deixei de querer...
Cantei a dor da ternura...
soletrei poemas...
escrevi dardos...
J� abracei tantos sonhos...
j� escrevi tanta m�goa...
j� chorei...
Despedi-me do amor...
amordacei o desejo...
parei no tempo...
Afundei-me no abismo...
voei no infinito...
ao c�u n�o cheguei...
Voei no limbo...
abracei as trevas e dancei nua na voz do vento...
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Como te dizer...
que hoje voltaram a correr l�grimas no meu rosto...
porque hoje...
voltei a lembrar-me de ti.
E o c�u azul escureceu...
os meus olhos ficaram manchados de sal...
as palavras...
essas meu amor...
est�o marcadas pela saudade
e permanecer�o para sempre dentro de mim...
fechadas nas minhas m�os vazias...
junto com os meus sonhos...
neste vazio imenso...
nesta solid�o que nos uniu...
na dist�ncia que nos afastou...
neste rio que corre triste no meu peito...
no tempo que se esgota...
e passa roubando-me todos os sonhos...
Como te dizer que neste amor me encontrei e me perdi...
que amei a tua sombra...
na paisagem escura do meu desassossego...
na noite que me envolve e que � a cinza de todos os dias.
Como te dizer que apenas queria um pedacinho de c�u...
a luz de uma estrela...
apenas uma doce despedida da claridade...
aquela com que alumiaste por momentos a minha escurid�o...
essa que nos uniu e que permanecer� para sempre.
Como te dizer que as tuas palavras,
eram a vol�pia das minhas emo��es...
tatuadas a fogo no meu corpo...
que os poemas que escorriam dos nossos dedos...
eram a melodia que alimentava a nossa alma...
eram a nudez que incendiava a noite...
mist�rios de sombra e luz...
acordes perfumados de sonhos inconscientes...
l�rios brancos que se vestiram de solid�o.
Como te dizer meu amor...
que est�s tatuado em mim...
que a tua sombra � a minha sombra...
que a minha dor � eterna...
que a obscuridade do meu corpo � o teu respirar...
que tu �s o momento e eu o instante do meu vazio...
que eu sou a aus�ncia e tu o sil�ncio...
que eu sou o sonho e tu a noite que me devasta e me rouba ao tempo...
o fogo que me queima a alma...
o mar que me escorre dos olhos.
Como te dizer que se te esquecer...
me esque�o...
que o meu corpo dorme exausto no ch�o...
que dentro de mim te guardo...
no sil�ncio das minhas m�os...
no espelho estilha�ado do meu olhar...
na l�grima que escorre da minha solid�o...
Como te dizer que foste o meu sonho amargo e suave...
que a aus�ncia das tuas m�os � o sil�ncio com que te escrevo...
a saudade onde te guardo...
a escurid�o onde te abra�o...
que o meu futuro � apenas um encontro com o frio das madrugadas de denso nevoeiro...
que todo o meu passado foi uma sombra do que sonhei...
uma verdade que n�o imaginei...
um futuro que � vazio...
um encontro com a noite de todas as noites...
como te dizer meu amor...
que morri.
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