O robe doirado
Rugas de esperan�a,
corpo pleno, limites,
a gritar contra o sentir.
Subo escadas de um sot�o,
como prisioneira, encarcerada.
Levo o sonho comigo,
irritante equil�brio da raz�o,
sanidade, a enfrentar a ilus�o
Recorda��es, n�o esmaecidas.
Arrisco emo��es...
Abro o velho e antigo ba�.
M�os tr�mulas, pego uma caixa.
Retiro lentamente...
com ternura, desfa�o com vagar,
o la�o de fita que a segura.
Triste, l�grima a rolar,
encontro o robe, presente amado.
L� est�...
perfeito, guardado.
Intacto!
Anos de escurid�o.
Algo desperta em mim...
brilho estranho dentro da saudade.
A noite fala-me outras coisas,
louco pensar, absurdo!
Lentamente desamarro aquela fita.
Desamarro o passado.
Aos poucos sinto nas m�os
o cetim macio...
levo ao rosto... beijo levemente.
Rico fios d�ouro cobrem flores,
silhuetas delicadas, japonesas.
Amontoado cruel de experi�ncias.
Meu corpo jamais conheceu
dessa pe�a, o vestir, sentir.
Tantos desejos in�teis.
Tantas vontades...
Jamais previ a ang�stia,
o medo,o vazio, a solid�o.
Quisera o caminhar da inconsci�ncia.
Ressequido pensar.
Guardo uma vez mais
presente precioso,
prenda de amor.
Des�o do sot�o, volto � realidade.
O barulho da chuva
embala meu pensar.
Ana Maria Marya
05/07/2008
Ita/BA/Brasil