J� repararam como � bom dizer "o ano passado"?
� como quem j� tivesse atravessado um rio,
deixando tudo na outra margem...
Tudo sim, tudo mesmo!
Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilus�es,
a alma est� leve, livre,
numa extraodin�ria sensa��o de al�vio,
como s� se poderiam sentir as almas desencarnadas.
Mas no ano passado, como eu ia dizendo,
ou mais precisamente, no �ltimo dia do ano passado
deparei com um despacho da Associeted Press
em que, depois de anunciado
como se comemoraria
nos diversos pa�ses da Europa a chegada do Ano Novo,
informava-se o seguinte,
que bem merece um par�grafo � parte:
"Na It�lia, quando soarem os sinos � meia-noite,
todo mundo atirar� pelas janelas as panelas velhas
e os vasos rachados".
�timo!
O meu �mpeto, modesto mas sincero,
foi atirar-me eu pr�prio pela janela,
tendo apenas no bolso,
� guisa de explica��o para as autoridades,
um recorte do referido despacho.
Mas seria levar muito longe uma simples met�fora,
ali�s praticamente irrealiz�vel,
porque resido num andar t�rreo.
E, por outro lado,
met�foras a gente n�o faz para a Pol�cia,
que s� quer saber de coisas concretas.
Met�foras s�o para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente,
pela janela do tricent�simo-sexag�simo-quinto andar
do ano passado.
Morri? N�o!
Ressuscitei!
-Que isto da passagem de um ano para outro
� um corriqueiro fen�meno de morte e ressurrei��o
- morte do ano velho e sua ressurrei��o como ano novo,
morte da nossa vida velha para uma vida nova.
M�rio Quintana
�Ana Maria Marya
31/12/2009
Ita/Ba/Brasil
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