Aqui n�o vim em busca de algu�m para satisfazer prazeres mundanos, mas para realizar meu grande sonho e encontrei a besta bruta, rude, suja e insultante, que a ningu�m ouve e respeita, pois tem a alma surda e prefere o barulho dos ratos ao sil�ncio dos gatos, compara as aspira��es de mulheres nas artes dos homens ao andar desengon�ado do c�o sobre suas quatro patas defeituosas que mal d� para crer que ele consegue andar, mas esta besta foi uma oportunidade que Deus colocou em minha vida, enviando-me a um semideus a quem, nas palavras do grande e maldito fil�sofo, todos deveriam ouvir, todos que conseguem perceber que sem o alimento da alma a vida seria um grande engano, e, ainda que a besta zombe dos meus primeiros ensaios, rendo-me � sua indulg�ncia e � sua s�plica de perd�o e sinto-me uma privilegiada por guiar seus bra�os sob a vibra��o no ar da respira��o de Deus que fala � sua alma e a Ele o aproxima mais do que todos os outros homens que n�o escutam Sua voz, n�o leem Seus l�bios, n�o d�o � luz aos Seus filhos, n�o cantam Suas preces e jamais entender�o que o velho tolo e demente mudou Sua l�ngua para sempre, concedendo-me a honra de secretariar seu entendimento com o todo poderoso como dois ursos e um pote de mel, rugindo e bramindo, com garras afiadas, atacando-se pelas costas de modo que ningu�m nem se atreveria a chegar t�o perto, tornando-os os dois �nicos adeptos de uma religi�o solit�ria onde um vive em sil�ncio, n�o vivendo a verdade, enquanto o Outro infesta a cabe�a do primeiro constantemente com sons que por ele precisam ser escritos para que ele continue vivendo, ainda castigado por ser-lhe negado o prazer de ouvir o que todos ouvem, o prazer de ouvir sua obra inspirada por um Deus inimigo e desamoroso, e agora que a tempestade da manh� veio para lev�-lo, alegre, formosa centelha divina, filho do El�sio, �brio de fogo, para dentro de Seu santu�rio celeste, sua magia volta a unir, o que o costume rigorosamente dividiu, irmana todos os homens e teu doce voo lan�a-me numa grande fuga, feia e bonita, desafiando a no��o de beleza, visceral, partindo do est�mago para se chegar a Deus porque � l� que ele mora, n�o na cabe�a e nem mesmo na alma, e onde Ele mora � onde as pessoas sentem a intensidade revirando suas entranhas at� o c�u, t�o forte que causa uma ilumina��o no c�rebro, mas n�o me faz perder a minha cabe�a em meio �s nuvens, faz meus sapatos enlamearam-se de fezes, e assim vivencio a l�ngua inventada pela besta para falar das experi�ncias dos homens com Deus, e foi por isso que Ele enviou-me aqui, para escrever esta l�ngua, ser o anjo de sua alma, para ouvir a voz que fala dentro de mim, para encontrar o sil�ncio dentro de mim mesma, para tir�-lo da solid�o, da pris�o, para despertar suas notas adormecidas, para viver pela natureza, para atravessar a ponte da liberta��o e do lado de l� encontrar o maior tesouro, o tesouro de ser sua Elise, sua jovem mulher perdida, de rejubilar-se com Deus por ter conquistado esta besta ador�vel, esta �nica alma amiga e aut�ntica em todo o mundo, que jamais falhar�, jamais chorar� sozinha, jamais far� da solid�o apenas uma religi�o, mas inspira��o para todas as gera��es.