N�s somos o Nada e o Tudo n�s somos.
Somos apenas as crian�as do tempo de sonhar colorido, que como todas as crian�as esperam e falam de um mundo esperado de Paz.
Somos aqueles que embalam em pequenos bra�os esse alvorecer.
O arauto da Luz se anunciou atrav�s do sol, que se ergue nas montanhas incansavelmente, e com a lua que t�o sorridente contempla com regozijo o despertar e o amanhecer desse novo tempo.
Apenas somos n�s mesmos, t�o simples e primordiais, como a velha can��o ancestral de nosso povo.
Somos todos infinitamente Um com as b�n��os da Cria��o.
Somos aqueles que com seus irm�os voltaram ao Sagrado Caminho das L�grimas, para viver de forma plena os conhecimentos ancestrais e suas tradi��es, para voltar a tecer na Teia Universal os nossos sonhos para a humanidade. S�o sonhos de um bordado minucioso, imbu�do de Luz e sentimentos que trazem o amor incondicional. Das nossas l�grimas neste retomado caminho de volta ao lar, de uma vida simplificada e despojada, pudemos ver e contemplar onde nascem as flores no prado, de como o irm�o rio ainda nos sussurra segredos, como as folhas que aos se desprenderem de suas �rvores ensinam desapego e o poder de aceitar mudan�as, do poder c�clico das transforma��es e de toda a vida; podemos observar os bailados das borboletas em liberdade ap�s seu lento processo de metamorfose.
� a alegria de sermos filhos da Cria��o e aceitar com gratid�o os ensinamentos e vivenci�-los. � o caminho alqu�mico da transforma��o para um al�ar de asas, para que estas possam alcan�ar os c�us, entrela�ando-se no manto das estrelas, t�o brilhantes.
Somos aqueles que, com seus irm�os, ouvimos as can��es do vento e nos alegramos simplesmente com o costurar acesos dos vagalumes na noite.Com o sil�ncio que paira no ar, sob a n�voa que encerra os caminhos, com os olhos de ver com a alma, podemos ainda ouvir o lamento alquebrado de nosso povo ancestral.Um pedido de resgate. Assim, entoamos incansavelmente preces. Assim acendemos fogueiras na escurid�o do c�u noturno e sonhamos um mundo de paz.Um amor que trar� a unifica��o dos quatro cantos do mundo e com todas as ra�as. Entre nossas velhas hist�rias e can��es, lembramos da nossa eternidade e mantemos a grande ciranda em p�, sobrevivente e intacta.
Somos os lavradores da terra, que com gratid�o nos alimentamos do que plantamos, num farto sustento, bebemos do n�ctar das almas, e com nossas m�os calejadas espalhamos sementes a brotar. Pouco queremos e muito nos � dado.
Somos como os p�ssaros que confiam sem nada esperar.
Somos aqueles que ultrapassamos o labirinto ilus�rio dos desejos, da escravid�o e sem nada mais nos apegar, pudemos, libertos, fazer a entrega. E nada queremos cobrar.
Somos o resgate das antigas mem�rias da veia ancestral que nunca pode parar de circular seu sagrado sangue, da voz que nunca poder� se calar.
Somos aqueles que, voando livremente atrav�s do desapego, podemos sentir a grandeza do vale.Com os olhos de �guia, damos assobios ao entardecer para chamar nosso povo, e juntamente com as andorinhas voamos em rumo �s d�divas da Cria��o, pois ao sermos libertados, aceitamos ser o que simplesmente somos e aceitamos o prop�sito Divino (deixando nascer nossas asas).
Simplesmente recebemos todas essas d�divas porque fizemos a escolha, e alto pre�o pagamos com nossas vidas para que todas as nossas fragmentadas partes fossem retornadas a n�s e pudessem se unificar com a luz, simplesmente pela vontade de se retomar e reformar todas as atitudes para morarmos nos sagrados jardins do Senhor.Um livre-arb�trio que todos podem escolher. O desapego, no princ�pio n�o foi f�cil, por�m encontrar a liberdade foi algo muito mais arrebatador.
N�s somos o testemunho dessa liberdade e dessa felicidade; ancorada e ensinada por nossos ancestrais.
Muitos dizem que somos isto ou aquilo, e podemos ser nada disso ou tudo isso, pois n�o importa. Na verdade, esquecemos quem fomos e lembramos agora quem realmente somos. Esquecemos nossos nomes, nossos feitos, nossa est�ria. Somos um tempo sem tempo, espa�o sem espa�o, somos eternidade que � a nossa toda realidade.
A �nica Voz que nos importa � aquela que vem do Alto.
Se somos selvagens, hippies, loucos, magos, feiticeiros , revolucion�rios, alternativos, guerreiros, nada mesmo podemos dizer....As denomina��es podem ser infinitas, como, mesmo n�s, todos somos e podemos ser. N�s na verdade podemos ser qualquer coisa e todas as coisas. Em nosso sangue circula o sangue alqu�mico da regenera��o e abnega��o.
Podemos ser apedrejados ou, ao mesmo tempo, amados; o que importa neste mundo ilus�rio?
Na verdade o que importa � termos a gratid�o de sermos o que somos. Acender o fogo sagrado no cora��o c�smico e esperar o retorno. Somos a lenha e o fogo, que faz brotar do sagrado solo a comunh�o ancestral e a aben�oada voz de nosso povo.
N�s somos o lobo e o cordeiro. Em n�s conhecemos a dualidade que se manifesta mas sabemos escolher a luz, e aonde ela se manifesta e faz.
Que em nossas fendas possam brotar as �guas santificadas, que em nossas cabe�as esteja o Fogo Santo, somos instrumentos, argila novamente nas m�os do Oleiro.
N�s somos voc� e voc� somos n�s.
Somos o bicho da mata, a pedra imut�vel, a �rvore que reconhece e honra seu espa�o sagrado, somos a flor que aceita seu destino em devo��o, somos a estrela e todo noturno c�u que olha por todos n�s...
Somos a raiz que alimenta e somos nosso pr�prio sustento.
Somos o tempo do sonhar e sentimos toda a resist�ncia da vida.
Somos a pr�pria morte. Somos o nascer das gera��es e o t�rmino sem dor de um velho ciclo. Somos o limiar da insanidade e todo o seu novo come�o de reestrutura��o.
Navegamos por luas e luas num barco sem velas. Caminhamos longas estradas e ouvimos as dores de uma civiliza��o t�o desgastada e cansada.
Adentramos mares profundos e perigosos, lutamos com tem�veis monstros, e entre fantasmas de navios piratas, demos os saltos ao mar, emergimos. Sentados em alto rochedo, ouvimos o canto das sereias e mesmo assim abrimos as caixas empoeiradas da alma e apreciamos os ocultos tesouros. Sem nada a temer, demos o salto. Deixamos que os corvos comessem de nossos velhos olhos, da nossa velha carne para que fossemos o primeiro alimento. Somos aqueles que fomos cozidos no caldeir�o para o banquete da purifica��o. Mas ter medo de que? O medo assola ainda o mundo, faz parar todo crescimento e impede a alma de buscar. Ao atravessar os mist�rios da vida e da morte, ouvimos o grande sil�ncio e o cora��o parar de bater. Um pulsar bem mais profundo e latente. Era o arauto das reformas. Era a entrega de um ser para um novo ser, do velho ao novo, da escravid�o � liberdade e luz.
Somos os desbravadores de nossas almas cansadas e fr�geis e com inteireza adentramos o mundo do esp�rito fortalecido, na vontade de amar incondicionalmente e unirmos cada parte, cada gesto de gentileza, cada fragmento perdido em unidade, curamos nossa dor, por b�n��os da Fonte Divina.
Somos reais e somos imagin�rios. Somos acess�veis e inacess�veis. Somos transmuta��o e recome�os.
Do alto da montanha ainda podemos ouvir a o canto do gavi�o, o silvar da serpente, o passo sigiloso da on�a, a alegria do bem-te-vi, e a singeleza do beija-flor. Podemos ver o sol amanhecer, pois muita luta foi travada. Aguardamos por toda unifica��o e o acordar da luz adormecida sobre as eras.
No �tero fertilizador da m�e Terra nos acolhemos em esperado e cont�nuo renascer e esperamos o segundo sopro da Cria��o.
" Aho Adarah"