O que vou narrar agora, pode ser a sua vida, a minha ou de qualquer outra pessoa. Apenas identifique-se com as caracter�sticas de que voc� possuir.
A Figura do Teatro
Certa vez, voc� passeava tranquilamente pelas avenidas da vida. De repente, resolveu entrar num teatro. Ficou fascinado com sua beleza e arquitetura. O p�blico, pouco a pouco, o lotou. Todos estavam ansiosos para ver a pe�a. Voc� tamb�m, mas n�o sabia quem a escrevera, qual era o seu conte�do e nem quem eram os atores. N�o imaginava que algo excepcional o aguardava. Voc� iria assistir � pe�a mais importante da sua vida. Seus olhos ficariam vidrados. Sua intelig�ncia, perplexa. Nunca um teatro tinha escondido tantos segredos! De repente, as cortinas se abriram, seu cora��o palpitou. Os atores eram de primeiro time. A pe�a logo de in�cio o cativou. O ator principal representava a biografia de um personagem magn�fico. Era inteligente, sutil, fino, corajoso. Voc� se encantou com o personagem e com o desempenho do ator principal. A pe�a continuou. O personagem tornou-se mais atraente. Mostrava gentileza com as crian�as, amabilidade com os idosos e sensibilidade com os amigos. Contemplava flores, tinha tempo para as pequenas coisas. Elogiava as pessoas, brincava com todos, sorria at� das pr�prias tolices. O p�blico delirava com o personagem. Voc� suspirava, identificava-se com ele. Queria plaudi-lo, mas se continha. Aos poucos, �reas mais profundas da biografia dele eram reveladas. Perdoava as pessoas, as encorajava e lhes dava sempre novas oportunidades. Mais ainda. Era capaz de se colocar no lugar dos outros e perceber seus sentimentos e necessidades ocultos. Os amigos amavam estar na sua presen�a, os parentes gostavam de coloc�-lo no centro das aten��es. Ao mesmo tempo em que era afetivo e sens�vel, vivia a vida com aventura, era ousado, tinha grandes metas e grandes sonhos.
Esse personagem era tudo que voc� sempre quis ser. Voc� se apaixonou por ele. Por isso, num golpe de coragem, ficou de p� e o aplaudiu calorosamente. Todos o acompanharam. O teatro vibrou. O ator principal ficou deslumbrado. De repente, uma surpresa. Enquanto os aplausos cessavam, duas pessoas entraram no palco, interrompendo subitamente a pe�a. Desenrolaram uma faixa na frente dos atores. Voc� ficou pasmado! A faixa revelava o nome do personagem cuja biografia estava sendo encenada. Talvez estivessem homenageando uma pessoa importante do passado, voc� refletiu. Mas se surpreendeu... Ao desenrolarem a faixa, voc� quase desmaiou na cadeira. Na faixa constava seu nome! Assombrado, esfregou os olhos e beliscou os bra�os para verificar se n�o estava sonhando. N�o � poss�vel!, voc� dizia. Nesse momento, o p�blico inteiro se levantou, o focalizou e o aplaudiu prolongadamente. No palco, os atores tamb�m o ovacionaram. Voc� n�o sabia o que fazer. Sua emo��o estava arrebatada, n�o conseguia reagir diante de tanta alegria. Ent�o, descobriu que, quando se apaixonara pelo personagem, voc� se apaixonara por si mesmo. N�o sabia que tinha uma auto-estima t�o borbulhante. Voc� chorou...
Voc� n�o tinha consci�ncia de que era uma pessoa t�o atraente, animada, cativante, segura, singela, serena, d�cil e interiormente bonita. Ao ver a pe�a, descobriu caracter�sticas bel�ssimas de sua personalidade. Voc� ficava t�o bem no palco. Parecia um grande artista. Passado o �xtase, voc� ficou de p�, deu largos sorrisos para a plat�ia e distribuiu muitos acenos. De repente, outra grande surpresa. Ao percorrer com os olhos, descobre que ela � constitu�da por pessoas que passaram pela sua vida. Voc� n�o sabia se ria ou se chorava. Jamais pensou que viveria uma emo��o t�o grande. L� estavam seus amigos de inf�ncia. Que saudades! Quantas brincadeiras. Como a vida era suave e bela. Voc� marcou a vida deles, por isso eles estavam l� o prestigiando e torcendo por voc�. Mas infelizmente voc� raramente os visitou ou deu um telefonema para eles. Na plat�ia tamb�m estavam os queridos professores. Alguns ensinaram voc� a pegar no l�pis, outros a entender os n�meros e ainda outros a n�o temer a vida. Seus colegas de trabalho mais �ntimos tamb�m estavam l�. E voc� pensava que eles n�o se importavam com voc�. Por isso, n�o entrava no mundo deles e desconhecia suas dificuldades. Os amigos recentes tamb�m estavam presentes. Sentiam orgulho de voc�. Para eles, voc� reluzia no palco e de fato merecia ser aplaudido. L� se encontravam ainda todos os membros da sua fam�lia, dos mais �ntimos aos mais distantes. Todos acreditavam em voc�, o amavam profundamente. Voc� nunca imaginou que era t�o especial e querido. Sentiu-se a pessoa mais realizada e importante do mundo. Sentiu que era valorizado como ser humano, e n�o por seu dinheiro ou sucesso. Ent�o, voc� abaixou a cabe�a e agradeceu a todos. O palco era seu. O teatro se tornou sua casa.
Neste momento, algu�m lhe passou o microfone. Todos silenciaram. Esperavam suas palavras. Emocionado e sincero, voc� disse que n�o entendia o que estava acontecendo, tudo parecia um sonho maravilhoso. Agradeceu a homenagem e disse humildemente que n�o merecia tanto carinho. Mais aplausos, mais l�grimas. Voc� agradeceu aos atores. Fixou os olhos no ator principal, sentiu que tinha algo em comum com ele. Disse-lhe: \"Muito obrigado, voc� � demais!\" E falou para a plat�ia: \"Constru� amigos, enfrentei derrotas, venci obst�culos, bati na porta da vida e disselhe: n�o tenho medo de viv�-la!\" As pessoas admiraram suas palavras. Voc� finalizou seu breve discurso com uma bela poesia: \"Aprendi o caminho da singeleza, encontrei a morada da seguran�a, escalei os penhascos da coragem e procurei beber da fonte onde jorra a sensibilidade.\" As pessoas se convenceram de que estavam diante de um s�bio, um poeta da vida. Ent�o, voc� olhou para o infinito e falou algo para si mesmo: \"A vida � um grande espet�culo. Vale a pena viv�-la, apesar de todas as dificuldades. Um vencedor n�o pode estar na plat�ia. Tem de estar no controle de sua vida!\"
Cr�ditos> Augusto Curi
Espere! A pe�a ainda n�o terminou. Aguardem pr�ximos cap�tulos.