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Sobre Deus... Padre F�bio Melo


O que podemos esperar de Deus? O que nos diz a religi�o crist� a respeito da interven��o divina na vida humana? Como � que podemos pensar a din�mica dessa rela��o? Ando pensando que o desafio de todas as rela��es esteja justamente em n�o confundirmos os pap�is. Nenhuma rela��o humana ser� saud�vel na confus�o dos pap�is. Definir o que se � consiste em construir as bases s�lidas que nos permitir�o �esperar e tamb�m desesperar�.

J� me explico.

Esperar � a atitude que nos permite a serenidade de que o outro far� por n�s, aquilo que n�o podemos fazer a s�s. Desesperar � chegar � conclus�o de que a vida tem limites, que ter�o que ser respeitados. Desesperar n�o significa sair gritando, esbravejando desaforos a respeito dos limites, mas consiste em serenizar o cora��o, aquietando-o e esperando os ensinamentos que vir�o do acontecimento que provocou a desesperan�a. E assim concluo: o desespero � o outro lado da esperan�a...

Gosto de olhar para Deus. Gosto de esperar por ele, sobretudo nos momentos das minhas desesperan�as. Olho-o como quem olha querendo decorar, aprender, incorporar. Fa�o in�meros pedidos a Ele, mas tenho sempre o cuidado para que minhas preces n�o sejam formuladas nos verbos imperativos... Prefiro apresentar as quest�es, coloc�-las em suas m�os e depois esperar pela vida. Tenho medo de tornar-me o deus de Deus. Receio que minhas preces sejam ordens mesquinhas �quele que tudo sabe de mim. Por isso, eu ando dizendo que a vida � o espa�o da liberdade, lugar onde me exercito como homem, desejoso de acertar e atualizar na minha vida, o �nico desejo de Deus para mim: a bondade. Somente a partir da bondade de Deus � que podemos dizer que Ele tudo pode. Ele tudo pode, mas o seu poder n�o fere, nem desrespeita o espa�o humano de nossas escolhas. E viver � escolher. A teologia nos ensina que em Deus n�o h� varia��o de humor. Ele � sempre amor, movimento que n�o sai da rota que lhe coloca na coer�ncia de ser o que �. E por isso � f�cil entender a a��o de Deus na vida humana. Dizer que Ele permite acidentes, que permite doen�as e que protege e desprotege � o mesmo que colocar uma contradi��o naquilo que Ele �.

Expliquem-me, ent�o: se Deus � amor, como posso entender que uma crian�a como o nosso querido Lucas tenha um c�ncer que viaja pelo seu corpo? Como n�o entender que Ele n�o tenha curado o nosso padre L�o de sua enfermidade t�o dilacerante? A� voc� pode me perguntar: �Ent�o n�o adianta rezar, padre?� E eu respondo: adianta minha filha, meu filho, quando tudo indicava que j� tiv�ssemos chegado ao fim. Rezamos porque temos direito de pedir, de clamar, e de explicar as raz�es dos nossos desejos, mas n�o temos o direito de determinar o que Ele ter� que fazer. Estamos constantemente debaixo da prote��o divina. Ela n�o nos deixa nunca, mesmo quando n�o pedimos por ela. Minha m�e tamb�m me diz, quando saio de casa: �vai com Deus, meu filho! Cuidado na estrada!� Na frase de minha m�e h� duas realidades a serem observadas: o dom e a tarefa. O dom est� na primeira express�o: �vai com Deus.� E eu vou mesmo. Ele n�o sabe me deixar ir sozinho. Na segunda est� a tarefa: �cuidado na estrada!� Na tarefa, a vida resguarda o espa�o para a responsabilidade humana. Tenho duas possibilidades diante da fala de minha m�e: acato ou n�o. Se eu acato, o dom se manifesta. Se n�o, ele fica ofuscado na minha escolha errada.

Cristianismo � isso. N�o h� rela��o saud�vel com Deus se n�o descobrimos constantemente as duas realidades na nossa vida: o dom e a tarefa. Em todas as situa��es humanas h� sempre uma parcela de dom a ser recebida, e a uma parcela de esfor�o a ser executada. O milagre se dar� por duas vias... N�o quero confundir ningu�m. Quero apenas apontar os caminhos para uma religi�o madura, onde Deus deixa de ser movido por nossas ordens mesquinhas, onde a ora��o se torna o acolhimento do dom e cumprimento da tarefa. Uma religi�o, que ao inv�s de fazer perguntas absurdas prefere o sil�ncio da busca que nos aperfei�oa. A� rezaremos com as m�os, com os p�s, no tr�nsito, nas esquinas, e em toda parte. Retiraremos de nossa mente a resolu��o f�cil, aquela que justifica os piores acontecimentos do mundo como vontade de Deus... Permitir... dizer que Deus permite � voltar � �nica permiss�o que Dele brota: a vida, a ben��o eterna, o dom que explode em todos os instantes nas menores iniciativas que geram o universo criado. A permiss�o � �nica, total e globalizante. Permiss�o que n�o contradiz em nada aquilo que Ele �. Eu o defendo sempre. N�o quero que o acusem das desgra�as do mundo. Quando minha irm� morreu num acidente tr�gico, v�tima da imprud�ncia humana, de uma bagagem que estava no lugar errado e que caiu sobre ela no momento em que o �nibus tombou, algu�m quis me consolar �s custas de uma acusa��o descabida: �foi a vontade de Deus!� E naquele momento minha mente se iluminou para que eu n�o permitisse que Ele fosse injustamente acusado daquele crime.

Prefiro desacreditar dos humanos a ter que pensar que Deus seja capaz de matar uma mulher que precisava viver para cuidar do seu filho... Prefiro encarar a dura realidade de que minha irm� estava morta, v�tima da imprud�ncia de um motorista que transgrediu a regra, a ter que dizer ao meu sobrinho, que Deus n�o pensou na sua dor de menino, antes de permitir que o �nibus ca�sse naquela ribanceira... Preferi pensar que Deus estava chorando comigo, lamentando com meu sobrinho, consolando-o e o preparando para reacender nele a esperan�a que parecia dilu�da no ar... Mas voc� poderia me perguntar:

"Mas padre, onde � que estava Deus no momento em que sua irm� morreu de forma t�o cruel e assustadora?� E eu lhe respondo sem receio de errar: No mesmo lugar em que estava, no momento em que mataram o Filho Dele!


POR QUE DUAS VEZES? NO MEU CASO, SE EU FOR CONTAR NA MINHA CASA, AINDA TEREI MAIS DEZ VEZES... ANO PASSADO PERDI MEU IRM�O. E A DOR AINDA N�O PASSOU. MAIS DEZ. E N�O POSSO PEDIR A DEUS QUE ME LEVE PRIMEIRO, PORQUE SOU EU QUE CUIDO DOS OUTROS. BEIJOS.



ESTA PALESTRA "ALQUIMIA DA DOR" � QUE ME SALVOU DO CAOS ... OU�A-A NO SITE ACIMA...


Cr�ditos: Padre F�bio de Melo


http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cod=842&pre=2171&tit=Alquimia%20da%20dor


Quero agradecer ao Padre F�bio de Melo pela linda mensagem. Muito obrigada padre. Tenho certeza de que foi Deus que o mandou at� meu humilde cantinho. Sua mensagem acalmou meu cora��o. J� passei no seu site e j� adicionei. Mais tarde irei conhecer com mais calma.

Mais uma vez, muito obrigada!



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