..sempre clico uma nessa posi��o, pra comparar com as dos outros dias...

..Reportando os acontecimentos do Campeonato Nacional, n�o � futebol, nnao, � voo de planadores...

nas anteriores, e j� pra pista, flagrar o sol de hoje no planalto...

see u..


ah, ironia do Prata...:



ANTONIO PRATA

Caro Fernando Haddad
Eu trabalho, pago meus impostos, tenho direito a uma varanda com vista e espa�o gourmet

Quem te escreve aqui � Esp�rito Paulistano. O senhor n�o me conhece, como deixa claro a sua rejei��o por 47% dos motoristas, quero dizer, dos cidad�os de nossa pujante metr�pole. N�o votei no senhor, mas tampouco me apavorei com a sua vit�ria. Apesar de vir do PT, o senhor aparenta ser de boa fam�lia, tem essa pinta de pai em propaganda do Ita� Personnalit�, chama-se Fernando e traz o sobrenome Haddad, que me remete ao Maluf, ao Kassab, ao Habib"s: tr�s marcas das quais S�o Paulo pode se orgulhar. Desde que assumiu a prefeitura e come�ou com as faixas de �nibus, contudo, percebi que por tr�s da pinta Personnalit� se escondia um administrador d�mod�.

"Non ducor duco" ("N�o sou conduzido, conduzo") � o lema da nossa cidade, mas, em vez de valorizar a livre iniciativa dos bandeirantes, que se perpetua no direito inalien�vel ao transporte individual, a ultrapassar pela direita, a trafegar pelo acostamento, o senhor quer nos botar em fila dentro de coletivos, como �ndios cativos. S�o Paulo � uma cidade de vencedores, prefeito. Se o cidad�o n�o conseguiu sequer COMPRAR UM CARRO, n�o deveria ser ajudado, deveria ser expulso. Isso, sim, melhoraria o tr�nsito.

Depois das faixas, o senhor me vem com este Plano Diretor. Pro�be, entre outras coisas, pr�dios altos no miolo dos bairros. Ora, eu trabalho, pago meus impostos, tenho direito a uma varanda com espa�o gourmet e vista para as casinhas geminadas, l� embaixo, n�o? O senhor afirma que, se todas as casinhas derem lugar a pr�dios altos, o tr�nsito vai piorar. OK. Eu me mudo pra outro pr�dio, no miolo de outro bairro: � assim que a nossa cidade funciona, estimulando a constru��o civil, gerando empregos, intensificando o aquecimento global, quero dizer, da economia.

Que saudades do doutor Paulo, quando os tapumes de obras vi�rias estampavam o slogan "S�o Paulo crescendo, S�o Paulo n�o pode parar". Saudades da �poca em que a rua era da Rota, n�o de japoneses "black blocs" com bombas incendi�rias n�o inflam�veis.

O senhor me acha reacion�rio. Diz que S�o Paulo quer uma revolu��o "desde que n�o se mexa em nada". Mentira! Quero uma revolu��o mexendo no cerne dos nossos problemas, como fez o Kassab ao criar cupons padronizados para todos os valets da cidade. H� quest�o mais s�ria, numa metr�pole, do que os valets?Senhor prefeito, caso haja algo de Personnalit� por tr�s de todo esse ran�o da FFLCH, escute-me: se vossa excel�ncia continuar a priorizar o transporte p�blico em vez do individual, se continuar a negociar com movimentos populares e a limitar a atua��o das construtoras, se seguir criando espa�o para as bicicletas e empregos para craqueiros, corremos o s�rio risco de ver, em alguns anos, uma pequena diminui��o na dist�ncia entre ricos e pobres nesta cidade --e tudo o que eu, Esp�rito Paulistano, menos quero, � pobre perto de mim.

Sem mais, subscrevo-me,

E.P.

Obs.: Este � um texto de fic��o. As ideias do E.P. n�o representam as cren�as do autor, e qualquer semelhan�a entre as mesmas e opini�es de pessoas vivas ou mortas � apenas uma boa raz�o para eu me mudar pra Reykjav�k.

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