Sabe o que voc� e eu somos ? � lhe perguntou, e antes que a amiga pudesse dar-lhe uma resposta, que na verdade n�o sabia qual era, ela mesma respondeu. Parece que vinha de uma reparti��o onde tinha ido renovar sua carteira de motorista. Quando o funcion�rio que anotava os dados lhe perguntou qual era a sua ocupa��o, ela n�o soube responder.
Ao perceber isto, o funcion�rio lhe disse: - �ao que me refiro � se a Sra. trabalha ou � simplesmente uma... ?�
�Claro que tenho trabalho, lhe contestou, sou uma m�e!�.
E o atendente lhe respondeu: - �n�o posso por m�e como op��o, vamos colocar dona de casa.�.
Foi a resposta enf�tica do funcion�rio.
A amiga havia esquecido por completo a hist�ria, at� que um dia, se passou exatamente o mesmo com ela. A funcion�ria era obviamente uma mulher executiva, eficiente, elegante, e tinha uma cartela sobre sua mesa onde estava escrito:
�Interrogadora Oficial�:
- �Qual sua ocupa��o ?� ela perguntou.
Como ela iria responder ? As palavras simplesmente come�aram a sair de sua boca:
- �Sou uma Investigadora Associada no Campo do Desenvolvimento Infantil e Rela��es Humanas.�
A funcion�ria deteve a caneta que ficou congelada no ar, e olhou para a m�e como se n�o estivesse escutado bem.
Repetiu o t�tulo lentamente, pondo �nfase nas palavras mais importantes. Logo, observou assombrada como seu pomposo t�tulo era escrito em tinta negra no question�rio oficial.
- �Permita-me perguntar-lhe�, disse a funcion�ria com ar de interesse, que � o que exatamente voc� faz no campo de pesquisa ?
Com uma voz muito calma e pausada, se ouviu sua resposta.
- �Tenho um programa cont�nuo de investiga��o (que m�e n�o o tem?) no laborat�rio e no campo (normalmente se costuma dizer "dentro" e "fora" de casa).
Estou trabalhando no meu doutorado (a fam�lia completa) e j� tenho 4 cr�ditos (todas as suas filhas). Evidente que o trabalho � um dos que mais demanda tempo no campo de humanidades (alguma m�e est� em desacordo ?) e usualmente trabalho umas 14 horas di�rias (em realidade s�o mais, algo como 24 horas !).
Por�m, o trabalho tem muito mais responsabilidades que qualquer trabalho simples, e as remunera��es, mais que somente econ�micas, tamb�m est�o ligadas � �rea da satisfa��o pessoal.�
Podia-se perceber uma crescente atitude de respeito na voz da funcion�ria, enquanto completava o formul�rio. Uma vez terminado o processo, se levantou da cadeira e pessoalmente acompanhou a �Investigadora� � porta.
Ao chegar em casa, emocionada por sua nova carreira profissional, sa�ram a recebe-la 3 de suas �cobaias� do laborat�rio, de 13, 7 e 3 anos de idade. Do alto, ela podia escutar a seu novo modelo experimental do programa de crescimento e desenvolvimento infantil (de 6 meses de idade), provando um novo padr�o de vocaliza��o.
Sentia-se triunfante !
Havia vencido a burocracia.
Havia entrado nos registros oficiais como uma pessoa mais distinguida e indispens�vel para a humanidade que somente �uma m�e a mais�.
A MATERNIDADE... que profiss�o mais brilhante. Especialmente quando tem um t�tulo na porta.