Balada das Dez Bailarinas do Cassino
Dez bailarinas deslizam
por um ch�o de espelho.
T�m corpos eg�pcios com placas douradas,
p�lpebras azuis e dedos vermelhos.
Levantam v�us brancos, de ing�nuos aromas,
e dobram amarelos joelhos.
Andam as dez bailarinas
sem voz, em redor das mesas.
H� m�os sobre facas, dentes sobre flores,
e com os charutos toldam as luzes acesas.
Entre a m�sica e dan�a escorre
uma sedosa escada de vileza.
As dez bailarinas avan�am
como gafanhotos perdidos.
Avan�am, recuam, na sala compacta
empurrando olhares e arranhando o ru�do.
T�o nuas se sentem que j� v�o cobertas
de imagin�rios, chorosos vestidos.
As dez bailarinas escondem
nos c�lios verdes as pupilas.
Em seus quadris fosforescentes,
passa uma faixa de morte tranq�ila.
Como quem leva para a terra um filho morto,
levam seu pr�prio corpo, que baila e cintila.
Os homens gordos olham com um t�dio enorme
as dez bailarinas t�o frias.
Pobres serpentes sem lux�ria,
que s�o crian�as, durante o dia.
Dez anjos an�micos, de axilas profundas,
embalsamados de melancolia.
V�o perpassando como dez m�mias,
as bailarinas fatigadas.
Ramo de nardos inclinando flores
azuis, brancas, verdes, douradas.
Dez m�es chorariam, se vissem
as bailarinas de m�os dadas.
� Cec�lia Meireles
in "Mar Absoluto e outros poemas:
Retrato Natural". Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1983.
Perfil da Autora:
Nome:
Cec�lia Meireles
Nascimento:
07/11/1901
Natural:
Rio de Janeiro - RJ
Morte:
09/11/1964
*
Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles,
funcion�rio do Banco do Brasil S.A.,
e de D. Matilde Benevides Meireles,
professora municipal, Cec�lia Benevides
de Carvalho Meireles nasceu em 7 de
novembro de 1901, na Tijuca,
Rio de Janeiro.
*
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