Can��o quase inquieta
� Cec�lia Meireles
De um lado, a eterna estrela,
e do outro a vaga incerta,
meu p� dan�ando pela
extremidade da espuma,
e meu cabelo por uma
plan�cie de luz deserta.
Sempre assim:
de um lado, estandartes do vento...
- do outro, sepulcros fechados.
E eu me partindo, dentro de mim,
para estar no mesmo momento
de ambos os lados.
Se existe a tua Figura,
se �s o Sentido do Mundo,
deixo-me, fujo por ti,
nunca mais quero ser minha!
(Mas, neste espelho, no fundo
desta fria luz marinha,
como dois ba�os peixes,
nadam meus olhos � minha procura...
Ando contigo - e sozinha.
Vivo longe - e acham-me aqui...)
Fazedor da minha vida,
n�o me deixes!
Entende a minha can��o!
Tem pena do meu murm�rio,
re�ne-me em tua m�o!
Que eu sou gota de merc�rio,
dividida,
desmanchada pelo ch�o...
Can��o quase inquieta.
� Cec�lia Meireles
M�sica: instrumentais/Quatro_Estacoes_Primavera_ES
M�sico: Vivaldi