GAR�ON
Ele chegou bem trajado.
Como quem vinha de uma festa.
Seu terno impec�vel, gravata importada.
Abotoadura na camisa de seda.
Sentou-se e chamou seu gar�om preferido,dizendo:
�Amigo, cuida de mim.�
Pediu o melhor whisk da casa
E falou:
�Voc� pode me escutar�?
Sei que as portas est�o fechando,
Mas n�o tenho pra onde ir
E vim buscar em ti
Consolo pra minha dor.
E fez daquela mesa um confession�rio
Daquele gar�om, seu sacerdote.
Seu traje impec�vel aos poucos se desfazendo
Com todo o orgulho que aparentava
Sua gravata arriada, sua camisa molhada.
Sua emo��o manchada pela dor que o trouxera ali.
E entre doses e mais doses
O lorde se tornou um b�bado.
Com seus dois cotovelos na mesa de um bar.
Sua voz embargada pelo �lcool ingerido.
E seu gar�om, atento e t�o acostumado com aquela cena.
Sem dizer uma �nica palavra, foi seu conforto,
Apenas com o carinho da sua aten��o.
Disse por fim:
�Meu amigo gar�om�.
Da quarta fila do banco da igreja
Eu pedi licen�a e sai,
At� podia chorar ali
Mas jamais poderia ficar
E ouvir o momento do sim.
E levantou derrubando a cadeira.
Pagando a conta generoso como sempre,
Abra�ou seu gar�om e saiu,
Pela escura e fria madrugada
Levando sua vida vazia
Igual a garrafa de whisk
Que deixou em cima da mesa!!!
JOSUEPOETA