Lembran�as resgatadas por uma can��o
Eu me lembro da minha inf�ncia como se eu a vivesse ainda. Um tempo marcante onde eu era feliz com t�o pouco, as coisas eram muito dif�ceis em nossa casa, a pobreza se agravava a cada ano com a ignor�ncia ou inoc�ncia do famoso �procriar e multiplicar�.
A cada dois anos no m�ximo nascia uma crian�a em minha casa, e assim foram por longos anos, at� que no d�cimo filho chegou o Josu�, que n�o seria o �ltimo, ainda restava o David.
T�nhamos um quintal enorme, alias tudo era grande pra meus olhos de menino inquieto, a mangueira que subia aos c�us e que eu cismei de escal�-la um dia e quando La estava descobri que n�o sabia descer e as l�grimas foram a escada. Tinha um abacateiro pr� hist�rico, que eu fugia como um louco dos seus frutos, que me eram enfiados goela abaixo pelas irm�s, aquela gosma verde me embrulhava o est�mago, mas, era bom pra sa�de ou era o que t�nhamos em muitas ocasi�es.
Lembro um dia que descobri nos fundos de casa um barro estranho, que eles chamavam de "barro liguento", anos depois fui saber que o nome certo era bairro ingl�s. Dali saiu muitas obras de artes como bonecos e cavalinhos que espocavam como pipocas da imagina��o de uma crian�a feliz. O dia tinha asas e logo se ia trazendo a noite escura, mas escura mesmo, pois, a claridade vinha dos lampi�es, o banho era numa bacia enorme, onde minha irm� Ester era intimada a dar banho nos quatro pequenos, dos quais eu era um deles.
Muitas lembran�as ainda vivas na mem�ria, dos irm�os maiores e da vontade de participar das conversar dos adultos, que nunca era permitido. Dos pais lutando com a vida diuturnamente, sempre havia algu�m doente, uma gripe daqui e um arranh�o dali. Eu mesmo apareci um dia com muita dor no bra�o e ao ser interrogado pelo paizinho respondi de pronto �eu vinha correndo devagarzinho e pra n�o trombar com a Dita tropecei no tronco e ca� (a Dita era nossa cabra leiteira), Resultado: quarenta dias com o bracinho engessado.
Nasci em um ber�o evang�lico, fui criado na gra�a, como dizem na Congrega��o Crist� no Brasil e por isso tenho na minha mem�ria lembran�as dos hinos cantados, quase que o dia todo, pela minha m�e, lavando roupa, fazendo comida, costurando, ou na maioria das vezes, remendando nossas roupas, enfim, em todo o momento ela vivia cantando os belos hinos do hin�rio da Congrega��o, mas um dia, um fato me chamou a aten��o e esse � o motivo que estou escrevendo essa narra��o.
Eu chegava da escola do meu primeiro ano do grupo escolar, e isso foi no ano de 1969, faz tempo hein! Meu hor�rio de chegar era La pelas onze horas, j� louco de fome e seguido por um batalh�o de irm�os ca�ando as misturas t�o contadas, nesse dia, eu entrando pelos fundos surpreendi minha m�e cantando algo que n�o era um hino da nossa igreja e isso me deixou at�nico, como se fosse um pecado ou algo descomunal. Eu disse: M�e! E ela corou tadinha, como se estivesse em outro mundo que n�o fosse o seu, t�o dedicado aos filhos, onde se esquece de si mesma e dos sonhos. Meio sem gra�a me falou: "Estou lembrando o meu tempo de mocinha " e sorriu me abra�ando e dizendo: �Essa musica � t�o linda J�, a tarde quando seus irm�os forem trabalhar eu ensino pra voc�.�
Fiquei ansioso pra aprender, e ela cumpriu a promessa, a tarde cantou me ensinando essa can��o, que eu aprendi e gravei tanto na mem�ria aquela cena, que ate hoje eu a sei de cor.
S�o peda�o de mim que volta e meia voltam em minha mente me lembrando do que disse o poeta um dia
�Eu era feliz e n�o sabia�
Beijo do seu poeta
Um lindo final de semana
Com muito amor
10/10/09
S�bado
8.56h
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JOSU�... UM AMIGO DE PLANT�O
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