O vento
O vento bate forte.
Parece chamar, insistir.
N�o sei se quer ficar ou partir,
Se reclama, irritado, ou se ri,
Se canta alegre, ou grita desesperado,
Se chora comigo, amigo,
Ou zomba do meu peito machucado.
S� sei que ele est� aqui.
Na minha janela, ele bate forte.
Por ventura deseja despertar-me desta morte,
Ou levar-me longe para algum lugar?
Talvez queira somente fazer-me companhia,
Na madrugada que n�o era t�o fria,
At� ele chegar.
Bateu forte, na janela que n�o se abriu.
Mesmo assim, por�m, entrou e sorriu.
Meu rosto beijou,
E, companheiro, ao meu lado sentou,
Espiando eu escrever
Coisas que n�o sabe, mas que parece entender.
Observa os dedos tr�mulos, num gesto desesperado,
A arrancar das teclas palavras do cora��o,
E o meu rosto p�lido e cansado
A expressar a dor de uma ilus�o.
Ouve comigo a m�sica que nasce da alma sentida,
Acalentada nos acordes da minha vida
Onde me esqueci da dan�a no solo pisado
Como crian�a do colo abandonado.
E o vento n�o mais bate forte.
Agora sussurra algo que n�o posso compreender
Poesia, alegria, que se traduz melancolia...
E tenta arrancar-me um sorriso em v�o.
E depois, tamb�m ele silencia,
Entregando-me aos cuidados da solid�o.
E, como chegou, o vento vai embora.
N�o mais ruidoso, parece triste agora.
E eu, em sil�ncio, apenas olho para o nada
Vendo-o ser tragado na madrugada.
Josu� B. de Oliveira & L�dia Sirena Vandresen
(09 - 03 - 2009)
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Texto em ingl�s
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