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Para mim, um paraiso, para ela um desafio a cada dia. Era assim que ela vivia feliz...



A anta.


H� alguns anos que tenho reservado parte de minhas f�rias
para descansar na fazenda do Mato Grosso,
e refugiar-me naquele para�so, longe do mundo moderno
e suas urg�ncias e correrias.
No ano passado, quando l� estive, encontrei a anta.
Foi numa tarde em que caminhava com a Irene,
esposa do campeiro, na esperan�a de mantermos a forma f�sica...
Est�vamos atravessando a r�stica ponte do riacho
perto de casa, quando a vi.
Enorme, robusta, sossegada,
na dela, deliciando-se da l�mpida �gua que vem da mina
e refrescava-se na sombra do mato que cerca o riacho.
Ali�s, � nessa mina que se encontra a roda d��gua, respons�vel
pelo fornecimento da �gua cristalina das casas da fazenda,
que tanto me faz bem.
Ela estava l� e n�o se incomodou com a nossa presen�a na ponte,
acho que sabia que �ramos amig�veis.
N�o sei se ela gostou de mim, mas eu gostei dela.
Na ocasi�o, pude observar as cicatrizes deixadas
pelas garras de uma on�a nas costas da pobrezinha
e senti muita pena.
Ela escapara de ser devorada daquela vez, mas, at� quando?
Voltei pra casa naquele dia, pensativa, analisando a vida
daqueles animais. A cada dia, uma sorte estarem vivos,
porque on�as � que n�o faltam por aquelas bandas.
Depois do jantar j� tinha adotado a anta como mascote
e pedi aos funcion�rios que nunca a ferissem.
Neste ano voltei l� para mais uns dias de f�rias merecidas,
e fui logo perguntando da minha mascote.
Mas ela n�o mais estaria l�, nem no riacho, nem na mata,
nem neste mundo.
E n�o fora a on�a que a devorara.
Num de seus costumeiros passeios pelo riacho,
a pobre teve a infelicidade de passar sobre as t�buas apodrecidas
que cobriam a caixa de madeira que protege a mina.
A caixa cheia de �gua tem profundidade de mais de metro e meio.
Ela morreu afogada depois de debater-se por muitas horas.
Foi encontrada apenas porque a lama que seu desespero causou
chegou at� as torneiras das casas.
Estou triste, porque, apesar de ter sido uma fatalidade,
a minha anta escapou das garras da on�a,
mas, nada pode contra as dos humanos...

L�dia Sirena Vandresen
20-07-09



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Texto em ingl�s








Anjinhos me aben�oando...





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