L�grimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura pl�cida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as l�grimas que choro, branca e calma,
Ningu�m as v� brotar dentro da alma!
Ningu�m as v� cair dentro de mim!
Florbela Espanca
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Amo como ama o amor.
N�o conhe�o nenhuma
Outra raz�o
Para amar sen�o amar.
Que queres que te diga,
Al�m de que te amo,
Se o que quero dizer-te �
Que te amo?
(Fernando Pessoa)
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