Ap�s o sucesso duplamente platinado de "The Black Parade" (2006), o My Chemical Romance decidiu marchar em um ritmo diferente em seu novo �lbum. E demorou um pouco para a banda encontrar o ritmo certo para "Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys". Segundo o cantor Gerard Way, a banda gravou um �lbum inteiro, apenas para descart�-lo e come�ar tudo de novo. "N�o ficou bom, n�o fizemos o melhor que pod�amos. Retiramos muito do que era especial a respeito da banda e n�o restou nada. Passamos um ano fazendo isso e ent�o descartamos, e dissemos: "oK, vamos fazer algo incr�vel!"".
My Chemical Romance estava firmemente em ascens�o quando lan�ou "The Black Parade", um �lbum conceitual sociopol�tico ambiciosamente exagerado, para o qual a banda de rock de Nova Jersey adotou o alter ego de Black Parade, borrando a linha que divide realidade e fic��o. O �lbum estreou no segundo lugar na parada Billboard 200 e ganhou uma indica��o ao pr�mio Grammy, enquanto "Welcome to the Black Parade" se tornou um single platinado.
Mas o �lbum foi perseguido por uma rea��o negativa, e pegou a banda de surpresa. ""The Black Parade" foi incompreendido, deturpado ou mal interpretado", diz Way, de 33 anos, que formou o My Chemical Romance em 2001, ap�s estudar na Escola de Artes Visuais de Nova York. "Ocorreram alguns crimes de �dio contra esses garotos que apenas estavam vestidos de preto, e a m�dia --especialmente os tabl�ides no Reino Unido-- pintaram esses alvos gigantes nesses garotos e transformaram isso em algo para vender jornais".
My Chemical Romance - "Na Na Na"Tudo isso, ele reconhece, deixou a banda t�mida em rela��o ao seu pr�ximo trabalho. "Foi como se, inicialmente, tant�ssemos n�o fazer nenhum barulho e nem balan�ar o barco, para n�o passarmos por aquilo de novo e nem submeter nossos f�s a algo assim. Foi uma rea��o protetora estranha, at� mesmo covarde, do tipo "eu n�o quero passar por isso de novo, ent�o n�o vamos fazer algo melhor"".
O resultado, ele diz, decididamente n�o era incr�vel. "Precisava de algo especial. Era um �lbum de rock, mas muito tedioso. Para mim, os melhores �lbuns de rock s�o como "Never Mind the Bollocks" [dos Sex Pistols, 1977] ou "Combat Rock" [do Clash, 1982], que desafiavam a no��o do que era o rock. Ao tentar criar este grande �lbum de rock americano, acabamos criando algo ruim. Era uma cole��o de can��es que n�o se encaixavam. Est�vamos colocando as coisas em ordem de modo bastante tedioso".
Ao perceber isso, ele e seus companheiros de banda --o irm�o Mikey Way, o baixista, e os guitarristas Frank Iero e Ray Toro-- voltaram ao co-produtor de "Black Parade", Rob Cavallo, e rapidamente mudaram de marcha criativa. "Foi algo como "vamos fazer mais barulho do que jamais fizemos. Vamos usar cor, arte, contaminar e irradiar. Vamos pintar um alvo em n�s agora". Era uma rebeli�o contra sermos assimilados por uma cultura de rock trintona bastante segura, onde voc� basicamente desiste".
Dos quadrinhos para as caixas de som
"Danger Days" --que no final de novembro estreou no oitavo lugar na parada Billboard 200, com vendas na primeira semana de 113 mil c�pias-- nasceu na verdade como uma ideia para uma revista em quadrinhos chamada "The True Lives of the Fabulous Killjoys". Segundo Way, seria "uma transmiss�o por r�dio pirata em 2019 contra uma esp�cie de cidade ut�pica corporativa ass�ptica, onde � muito f�cil viver e suas emo��es s�o entregues a voc� em forma de p�lula".
Ele explica que fora dessa cidade h� uma zona de desertos, onde h� o dom�nio dos Fabulous Killjoys (ou "os fabulosos estraga-prazeres") e outros rebeldes, que s�o "realmente perigosos, mas est�o livres". "N�o � uma hist�ria intensa, mas a ideia � algo do tipo "voc� continuaria correndo para ser livre?" E, como uma met�fora completa para tudo, os Killjoys representam a arte contra a assepsia corporativa".
My Chemical Romance - "Sing"
Way acrescenta que os Fabulous Killjoys, um quarteto com cada personagem servindo como contraparte para cada integrante do My Chemical Romance, est�o longe de ser cavaleiros em armaduras reluzentes. "� apenas uma gangue de sobrevivencialistas, totalmente fora-da-lei", diz ele, que ainda planeja publicar os quadrinhos dos "Fabulous Killjoys".
Eu n�o os vejo como mocinhos. Na verdade, eu n�o vejo ningu�m como mocinho ou bandido. S�o apenas dois pontos de vista opostos. Mas para mim, o que realmente representa, s�o as bandas, os f�s e os artistas que encontramos ao longo do caminho, que constru�ram este �lbum e nos inspirou essa coisa incr�vel desafiadora", ele fala.
Passar dos quadrinhos para um �lbum de rock n�o foi dif�cil, acrescenta Way. "A m�sica realmente informou o que eu queria dizer. � quase como se n�o pudesse existir um sem o outro. Eu n�o teria escrito aquelas letras sem a m�sica, mas tudo o que eu queria dizer naquela hist�ria em quadrinhos � o que tamb�m acabei dizendo em "Danger Days", o que fez os projetos parecerem irm�os".
A parte mais dif�cil, diz Way, foi encontrar o som para esta hist�ria em particular. "A m�sica tinha que ser perigosa. Era preciso se apossar das batidas e do pop, hip-hop, dance music e eletr�nica, e us�-la para seu pr�prio prop�sito. A �nica forma de dizer o que eu queria dizer era com esse tipo de m�sica".
Logo mais a outra parte da entrevista.