A chuva chove mansamente... como um sono
Que tranquilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva � a m�sica de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma v�spera solene,
Em certo pa�o, j� sem data e j� sem dono...
V�spera triste como a noite, que envenene...
Num velho pa�o, muito longe, em terra estranha,
Com muita n�voa pelos ombros da montanha...
Pa�o de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos �rg�os, �rias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-f�lios, cancioneiros e missais...
Cec�lia Meireles 🧸
Melhores Poemas, Global Editora, 1984 - S. Paulo, Brasil