"Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta esp�cie ainda envergonhada.
Aceito os subterf�gios que me cabem,
sem precisar mentir.
N�o sou feia que n�o possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora n�o, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
� dor n�o � amargura.
Minha tristeza n�o tem pedigree,
j� a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil av�.
Vai ser coxo na vida � maldi��o pra homem.
Mulher � desdobr�vel. Eu sou."
Florbela Espanca
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