"Nas noites escuras e frias,
quando tudo s�o trevas puras,
em tua casa penetrarei,
atravessando as grades da janela tua
sob a forma de uma sutil e inocente bruma,
para ent�o materializar-me, deliciosamente nua,
sobre teu corpo inconsciente e dormente.
Podes acordar, te debater, tentar gritar,
Mas, advirto-lhe que ser� em v�o,
Ningu�m te ouvir�, nada te poupar�
Da minha f�ria ardente e paix�o.
Com meus dentes e unhas, tuas roupas rasgarei
E sobre ti cavalgarei, em selvagem �xtase,
Meus l�bios p�lidos e frios se colando aos teus,
Sorvendo o n�ctar do teu calor,
Tuas m�os, resignadas em n�o poder lutar,
Meus seios acariciam, levadas pelo prazer
Que invade o teu ser.
As minhas unhas cravando-se em tuas costas,
Deixando um rastro rubro de sangue,
J� n�o mais te importas com a dor,
N�o � mesmo, meu amor?
Nada mais te importa,
Medo, pecado, inferno, puni��o ou dor,
apenas o prazer que te dou
Em troca de algo t�o �nfimo e sem valor:
Tua alma imortal.
Para qu� ela serve, afinal?
Est�s perdido dentro do meu corpo
De sedutora beleza que em nada lembra a angelical pureza,
Envolto em desejos e fantasias pecaminosas
Que eu realizo com toda presteza.
Teu ser pertence a mim agora,
Tua sanidade foi-se embora,
Est�s preso em minha teia de lasc�via,
Meu escravo e fiel servo para sempre ser�s
E saciar o meu desejo incontrol�vel tentar�s.
Teu sangue, gozo e vitalidade me dar�s,
Assim como a tua alma, sem pestanejar.
Por�m, quando n�o mais puderes me agradar,
De ti me vingarei, jogando fora tua casca mortal in�til e vazia,
Prendendo tua alma impura a grilh�es de infinda tortura,
Pois destinado est�s a sofrer por toda a eternidade
Nas profundezas abissais do inferno."