A Parada de Sete de Setembro Reinaldo de Oliveira* Preparar um terno branco ou o melhor que tiver, enforcar-se na melhor gravata, dar o bra�o � mulher e espetar uma bandeira do Brasil na m�o do filho pequeno. Todas essas eram as provid�ncias tomadas por nossos pais a fim de que pud�ssemos ver, na principal avenida, o desfile das tropas e de nossos tanques de guerra ao lado dos Drag�es da Independ�ncia montando garbosos cavalos. Canh�es 75 e 105 mm eram arrastados sobre o cal�amento escaldante enquanto as tropas, ao som das bandas de m�sica com seus dobrados, marchavam de passo certo, no entusiasmo geral. As guerras de 1914 e 1939, a primeira e a segunda grandes guerras, inflamavam o esp�rito patri�tico, adormecido nos per�odos de paz. A Can��o do Soldado - �N�s somos da P�tria a guarda, fi�is soldados por ela amados...� era cantada, como ainda hoje � lembrada, pelo povo que acompanhava o coral dos soldados. Jipes, caminh�es, pintados de verde ou camuflados, com aspecto de vegeta��o, levavam os comandantes militares, alguns de p�, saudando o povo que os aplaudia brilhantemente. Era o Dia da Independ�ncia em todo o seu esplendor, dia pelo qual o homem do povo ou mesmo da sociedade esperava o ano inteiro Nem mesmo as Copas de Futebol do Mundo faziam explodir o amor pela P�tria como conseguiam os festejos de Sete de Setembro. Os preparativos come�avam uma semana antes quando as arquibancadas das principais avenidas eram montadas � espera da madrugada do dia 7 quando, ao longo das vias, se dispunham as Companhias, os Pelot�es, o material b�lico, os animais - cavalos, carneiros - que incutiam na alma do povo a esperan�a por um pa�s melhor. Tudo montava um cen�rio de respeito, de disciplina, de hierarquia com o qu� o povo convivia com prazer. Esse era o quadro que assisti, nos meus doces dez anos de idade, levado por meu pai, patriota aut�ntico, num Ford 1938, duas portas, de n�mero 1313, ao lado de meu irm�o Fernando e de minha m�e. Ser� que hoje em dia a coisa mudou? O nosso Ex�rcito ter� o mesmo prest�gio de que gozava na d�cada de 1940? E os guardas-marinha, todos vestidos de branco, fazendo reluzir sua alvura ao sol de 7 de setembro, que marcava a abertura do ver�o? E os avi�es Curtiss P-36 e P-40, ao lado dos NA que, vagarosos, faziam suas acrobacias a fim de que o povo se extasiasse com elas. Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica, irmanados, poderosos, mostravam ser a defesa de nosso Pa�s, em todos os sentidos. Agora as �pocas s�o outras. As nossas armas assistem a exibi��o dos mensal�es, dos sanguessugas, dos vampiros, veem e ouvem o que dizem os l�deres do governo e se mant�m, reclusos, quietos, como se a eles n�o coubesse salvaguardar os interesses da Na��o. Aprendi em meu CPOR, Escola de Fazer Her�is, que dev�amos ser os defensores da P�tria. Vejo que os candidatos a cargos pol�ticos, quanto mais roubam, mais votos conseguem. E fico estarrecido, n�o a ponto de deixar de votar por ter sido dispensado pela idade, mas, sempre procurando fazer com que meu Pa�s se erga e volte a representar para os meus netos o que era para mim, nos meus dez anos. Soberano, Altivo e Independente. E canto o final da Can��o do Soldado: �Amor Febril, pelo Brasil, no cora��o, sempre teremos...� * Membro da Academia Per�nam�bu�ca�na de Letras e dos Con�selhos de Cul�tura do Estado e do Mu�nic�pio. http://www.folhape.com.br/index.php/caderno-cidadania/589476?task=view |
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