*
Que venham as palavras: nocivas, indecisas, despudoradas, vestidas de dores, de m�goas, de raivas.
Que venham como quiserem, que se ofere�am delicadas ou urgentes, despidas de tudo
eloquentes, mas que sejam transparentes. Que venham sem falso moralismo,
sem recalques, sem alegrias artificiais, sem entusiasmos opacos.
*
Venham palavras: inocentes, indecentes, inexistentes. Componham frases, poemas, cartas,
bilhetes, m�sicas. Venham livres, euf�ricas e aladas, sem apego ao poeta-instrumento,
� paisagem, ao sentimento, a nada. Venham vivas, mesmo que para falar,
acidamente, dos mortos que ainda n�o foram enterrados.
*
** Marla de Queiroz **