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NO TEU BELO SEIO EU CHORO
Minhas l�grimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que m�quina �s, que s� me tens desesperado
Confuso, crian�a para te conter!
Oh, n�o feches os teus bra�os
sobre a minha tristeza n�o!
Ah, n�o abandones a tua boca
� minha inoc�ncia, n�o!
Homem, sou belo;
macho, sou forte; poeta, sou alt�ssimo
E s� a pureza me ama e ela � em mim
uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem � flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar
ro�ar-me os bra�os ...
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus p�los ...
Correi, correi, � l�grimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa � lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto,
dai-me a ilumina��o das odes,
dai-me o c�ntico dos c�nticos
Que eu n�o posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha m�ezinha
quero o colo de Nossa Senhora!
((Vinicius de Moraes, 1913-1980, Brasil
"Vinicius de Moraes � Poesia completa e Prosa"
Ed.NovaAguillar,RJ,1998))