Oração de Natal
Gilberto Mendonça Teles
Jesus, para o Natal minh’alma vos suplica
um silêncio de paz, uma quietude rica
de áureas recordações, de mística saudade,
de sossego, de calma e de serenidade…
Longe, para bem longe, o tumulto das gentes,
o burburinho insano e as vozes estridentes
da turba irracional!
Deixai-me ouvir os hinos,
as sagradas canções, o badalar dos sinos,
esses celestes sons que em minh’alma se adensam…
Entornai sobre mim a luz de vossa bênção
Espiritualizada… Arrancai de meu peito
O lúrido rancor com – néscio – me enfeito!
Jesus, fazei com que neste Natal eu possa
sentir por um momento a Excelsitude Vossa
no espírito cansado e cheio de saudade.
Insuflai em minh’alma as luzes da Bondade
e a minha fronte ornai de sonhos mais celestes…
Sejam-me a inspiração as dores que tivestes.
Somente para Vós seja o meu pensamento voltado…
E, então no som nostálgico do vento,
no quérulo cantar das pequeninas aves,
no cicio feliz das orações suaves
e na festiva voz dos sinos vos verei
— simples como um Mendigo e altivo como um Rei!
(“Último poema de Alvorada”, 1955)