DESEJOS DE UM POETA
Quando as palavras do poeta se v�o,
dentro dele fica apenas a aus�ncia
do que ele mais precisa: a inspira��o!
Fugiram-se-lhe o dom e os temas,
ficou dentro de si a saudade,
retratada num triste poema,
onde uma estrada vazia faz-lhe eco...
...E quando o poeta perde as palavras,
� quase que como perder a vida!
O peito queima o desejo de falar,
os olhos cerram-se no desejo de anunciar
o que seus l�bios balbuciam silenciosamente,
mas sem as palavras o poeta de nada vale!
E, de agonia, chora copiosamente...
Talvez seja o maior desejo do poeta
saber que seus versos encontraram um cora��o
que naquele momento tenha saboreado
suas letras e degustado sua emo��o.
� esse o eco que o poeta procura.
Dentro de si, o poeta se cont�m, se segura
para que n�o se lhe destrua a falta de inspira��o...
O poeta engole os sonhos e rumina a esperan�a.
Degusta o dia com o sabor amargo da dor.
Se aceita o poeta com alma de crian�a
e n�o se furta em chorar, se preciso for,
pois o poeta, sens�vel, v�-se �s voltas consigo.
O poeta, repleto de emo��o, se tritura!
De saudade chora o poeta a m�goa do castigo
e da saudade que, dentro do peito, lhe tortura!
Mas, o poeta ainda sonha..
O poeta ainda espera...
O poeta, apesar de tudo, ainda cr�!
_MARCO MOTTA_