Espelho cego
Onde a face de prata e cristal puro,
e aquela deslumbrante exatid�o
que revela o mais breve aceno obscuro
e o compasso das lagrimas, e a seta
que de repente galga os c�us do olhar
e em margens sobre-humanas se projeta?
Onde, as auroras? Onde, os labirintos
- e o fr�mito, que rasga o peso ao mar
- e as grutas, de �ureos lustres e a�reos plintos?
Ah � que fazes do rosto que te entrego?
- Musgos im�veis sobre a sua luz...
Limos... Liquens... � Opaco espelho cego!
1954
Cec�lia Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)