Quando em meu peito as afli��es rebentam
Eivadas de sofrer acerbo e duro;
Quando a desgra�a o cora��o me arrocha
Em c�rculos de ferro, com tal for�a,
Que dele o sangue em borbot�es golfeja;
Quando minha alma de sofrer cansada,
Bem que afeita a sofrer, sequer n�o pode
Clamar: Senhor, piedade - e que os meus olhos
Rebeldes, uma l�grima n�o vertem
Do mar d"ang�stias que meu peito oprime:
Volvo aos instantes de ventura, e penso
Que a s�s contigo, em pr�tica serena,
Melhor futuro me augurava, as doces
Palavras tuas, s�fregos, atentos
Sorvendo meus ouvidos, - nos teus olhos
Lendo os meus olhos tanto amor, que a vida
Longa, bem longa, n�o bastara ainda
por que de os ver me saciasse!... O pranto
Ent�o dos olhos meus corre espont�neo,
Que n�o mais te verei. - Em tal pensando
De mart�rios calar sinto em meu peito
T�o grande plenitude, que a minha alma
Sente amargo prazer de quanto sofre.
(Gon�alves Dias)