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Confira Estes Poemas:Fernando Pessoa

Onde voc� v� um obst�culo,
algu�m v� o t�rmino da viagem
e o outro v� uma chance de crescer.
Onde voc� v� um motivo pra se irritar,
Algu�m v� a trag�dia total
E o outro v� uma prova para sua paci�ncia.
Onde voc� v� a morte,
Algu�m v� o fim
E o outro v� o come�o de uma nova etapa...
Onde voc� v� a fortuna,
Algu�m v� a riqueza material
E o outro pode encontrar por tr�s de tudo, a dor e a mis�ria total.
Onde voc� v� a teimosia,
Algu�m v� a ignor�ncia,
Um outro compreende as limita��es do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu pr�prio passo.
E que � in�til querer apressar o passo do outro,
a n�o ser que ele deseje isso.
Cada qual v� o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E n�o do tamanho da minha altura."

Fresta (Fernando Pessoa)

Em meus momentos escuros
Em que em mim n�o h� ningu�m,
E tudo � n�voas e muros
Quanto a vida d� ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o long�nquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conhe�o,
E, ainda que seja ilus�o
O exterior em que me esque�o,
Nada mais quero nem pe�o.
Entrego-lhe o cora��o.

N�o Sei Quantas Almas Tenho (Fernando Pessoa)

N�o sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, s� tenho alma.
Quem tem alma n�o atem calma.
Quem v� � s� o que v�,
Quem sente n�o � quem �,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e n�o eu.
Cada meu sonho ou desejo
� do que nasce e n�o meu.
Sou minha pr�pria paisagem;
Assisto � minha passagem,
Diverso, m�bil e s�,
N�o sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como p�ginas, meu ser.
O que sogue n�o prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto � margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: �Fui eu?�
Deus sabe, porque o escreveu.


Vaga, no azul amplo solta, vai uma nuvem errando... (Fernando Pessoa)

Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado n�o volta.
N�o � o que estou chorando.
O que choro � diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no c�u sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembran�a � que entristece,
Dou � saudade a riqueza
De emo��o que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Est� para al�m da saudade.
N�o sei o que � nem consinto
� alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.

Cai Chuva do C�u Cinzento (Fernando Pessoa)

Cai chuva do c�u cinzento
Que n�o tem raz�o de ser.
At� o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada � que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.
Porque verdadeiramente
N�o sei se estou triste ou n�o.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu cora��o

O Amor, Quando Se Revela (Fernando Pessoa)

O amor, quando se revela,
N�o se sabe revelar.
Sabe bem olhar p"ra ela,
Mas n�o lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
N�o sabe o que h�-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a est�o a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica s�, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que n�o lhe ouso contar,
J� n�o terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...



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