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A Minha Aus�ncia de Ti
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Foi tal e qual o inverno a minha aus�ncia
de ti, prazer dum ano fugitivo:
dias nocturnos, gelos, inclem�ncia;
que nudez de dezembro o frio vivo.
de ti, prazer dum ano fugitivo:
dias nocturnos, gelos, inclem�ncia;
que nudez de dezembro o frio vivo.
E esse tempo de ex�lio era o do ver�o;
era a excessiva gravidez do outono
com a vol�pia de maio em cada gr�o:
um seio vi�vo, sem senhor nem dono.
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Essa posteridade em seu esplendor
uma esperan�a de �rf�os me parecia:
contigo ausente, o ver�o teu servidor
emudeceu as aves todo o dia.
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Ou tanto as deprimiu, que a folha arfava
e no temor do inverno desmaiava.
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William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradu��o de Carlos de Oliveira