Tudo na vida est� por fazer. O que j� fizemos � apenas o in�cio da nossa tarefa. Ser e fazer s�o duas faces da mesma moeda. Quem �, faz. Quem n�o faz, n�o �. Podemos lembrar a doutrina de pot�ncia e ato em Arist�teles. Somos em n�s mesmos a pot�ncia de quanto temos que fazer. Mas s� fazendo nos atualizamos, nos convertemos na realidade viva do nosso destino, no ato de viver. Os fil�sofos existenciais consideram hoje que, para o homem, a vida � pot�ncia que se realiza no ato de existir. Assim, existir � viver conscientemente, lutando sem cessar na busca da transcend�ncia.

A mensagem de Andr� Luiz toca num ponto essencial da Filosofia Esp�rita � o seu aspecto existencialista. Ao contr�rio do que geralmente se pensa, o Existencialismo n�o � uma corrente superficial do pensamento moderno. � um esfor�o para a compreens�o do Ser atrav�s da Exist�ncia, uma busca do homem atrav�s do seu fazer. No Espiritismo essa busca se amplia e se aprofunda com a doutrina das exist�ncias sucessivas. O homem se faz a si mesmo fazendo o que lhe compete em cada exist�ncia. Se ele se considerar feito ou incapaz de fazer, n�o transforma a vida em ato, n�o existe.

As plantas e os animais vivem. A vida se atualiza nos reinos vegetal e animal atrav�s do simples ato de viver. Mas no homem existe a consci�ncia, que supera o simples viver, exigindo o fazer espiritual. O homem n�o pode vegetar nem viver segundo os instintos animais. A consci�ncia cont�m os seus pr�prios instintos que em O Livro dos Esp�ritos s�o designados como instintos espirituais. Estes exigem do homem a defini��o do seu viver no rumo das suas aspira��es. S� assim ele se torna um existente, que no Espiritismo se define como interexistente, um ser que existe entre dois mundos.

� por isso que o homem precisa aceitar-se tal qual �, tomando consci�ncia das suas defici�ncias, dos seus defeitos, para fazer o melhor de si mesmo, para superar-se. As Filosofias da Exist�ncia, que caracterizam o pensamento filos�fico do nosso tempo, confirmam a Filosofia Esp�rita e nos fornecem novos elementos para melhor compreend�-la. Se o leitor desejar aprofundar este assunto, deve ler o nosso livro �O Ser e a Serenidade�, da Cole��o Filos�fica Edicel. N�o podemos indicar outro, simplesmente por n�o existir.
 
por Irm�o Saulo - Do livro: Di�logo dos Vivos, M�dium: Francisco C�ndido Xavier e J. Herculano Pires (Irm�o Saulo).