Amanda fazia compras no supermercado movimentado.
Viu que na padaria havia um grande cesto rodeado de pessoas.
Notou que elas olhavam o conte�do, sorriam e apanhavam pacotes, dirigindo-se aos caixas.
Ao se aproximar, observou uma plaquinha que anunciava p�es especiais, com ingredientes pouco comuns e raros.
Ao olhar o pre�o, percebeu que a etiqueta estava trocada, pois mostrava o nome de um p�o comum, de pre�o bem menor.
Algu�m havia trocado as etiquetas dos pacotes e aqueles p�es especiais estavam sendo vendidos muito abaixo de seu valor.
Amanda chamou um funcion�rio da padaria. Alertou para a troca, sugerindo que ele recolhesse os pacotes restantes e corrigisse a etiqueta.
Ele arregalou os olhos quando se deu conta do erro e agradeceu. Pegou a cesta, imediatamente, retirando-a do acesso ao p�blico.
Outra cliente, que assistiu a cena, ficou zangada por n�o ter tido a chance de se beneficiar com o equ�voco do funcion�rio. Olhando fixamente Amanda, sussurrou ot�ria. O que recebeu em troca foi um sorriso am�vel.
A mo�a, talvez incomodada pela superioridade moral que aquela senhora emanava, se virou e sumiu por um corredor.
Outra funcion�ria, atr�s do balc�o da padaria, estranhou a atitude de Amanda e ficou se perguntando por que ela simplesmente n�o havia pego um pacote de p�o e ido embora, como tantos clientes haviam feito.
Amanda circulou pelos corredores, terminou suas compras com calma e foi para casa.
No caminho, foi pensando como as pessoas se equivocam acreditando ser v�lido tirar vantagem do erro de algu�m.
Com certeza, elas n�o pensam no quanto podem prejudicar o outro quando acreditam estar se dando bem.
Lembrou-se de quando era jovem e trabalhava num pequeno com�rcio, em cidade do interior.
Cada erro cometido por um funcion�rio era cobrado dele ou, �s vezes, rateado entre todos.
Era um alento quando algum cliente devolvia o troco dado a mais, num momento de descuido, ou alertava para um pre�o equivocado, que fatalmente oneraria os que ali trabalhavam.
Aquilo fazia Amanda acreditar na justi�a, na �tica e na bondade humana.
Cresceu acreditando que a �tica e a justi�a deveriam nortear os comportamentos.
Estudou direito, tornou-se advogada, depois ju�za.
A cada causa analisada, em cada processo e julgamento, buscava ser o mais justa e �tica poss�vel.
Fora dos tribunais, aplicava os mesmos par�metros.
E foi por isso que ela, uma senhora de ar distinto e nobreza de car�ter, deixou uma marca profunda em funcion�rios e clientes daquele supermercado.
Para os que acreditam na justi�a, na �tica e na bondade humana, ela foi um incentivo, um alento, um modelo a ser seguido.
Quando os seres humanos se libertarem do ego�smo, da gan�ncia e do orgulho, que arrastam para a corrup��o e para comportamentos desonestos, atitudes como a de Amanda ser�o corriqueiras, normais.
Quando alcan�armos esse patamar, estaremos a um passo de viver no para�so constru�do por n�s mesmos.