, mas voc� acaba de zerar minha vida. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela mil�sima vez todos os �ltimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Voc� acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de me ver conversando com seus amigos e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e gostar do meu ciume bobo, voc� acaba de me salvar. Este texto � pra te falar uma coisa boba. � pra te pedir que n�o tenha medo. Sabe esses textos que eu publico aqui falando bobagem? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu n�o sei de nada. Eu s� queria ser salva das pedras, eu s� queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu s� queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato �. E voc� salvou minha vida. O mundo est� lindo. N�o tenha medo. Eu s� queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu n�o odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, o cara que fala caipira, aquela garota que voc� sabe quem �. Hoje eu n�o odiei nada nem ningu�m. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que voc� esta mesmo me fazendo bem e salvando meu dia, que antes era tao... tao... tao sem significado nenhum. Voc� quis encontrar meu cora��o pequenininho no escuro. E voc� encontrou. E voc� salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia j� s�o zilh�es de quil�metros. Voc� � meu her�i. N�o tenha medo deste texto. N�o tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu n�o fazer charme quando simplesmente n�o tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por n�o saber o quanto posso te tocar. N�o tenha medo de eu ser assim t�o agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo. Eu estou t�o cansada de assustar as pessoas. E de ser o m�ximo por t�o pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que n�o quer ou n�o sabe querer. Mas hoje eu n�o odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu n�o me odeio. Hoje eu s� fecho os olhos e lembro de voc� me pedindo sem gra�a para eu n�o deixar ningu�m ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por tr�s de todos esses meus textos t�o modernos, sarc�sticos e malandros, era de algu�m que me pedisse para guardar o lugar. T� guardado. O da canga e de todo o resto. (...) Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e n�o me olhei no espelho. Eu n�o precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza. N�o tenha medo. Eu sou s� uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu n�o tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de voc� falando em roubar um beijo meu, fazendo piada ruim �s sete da noite, me lendo no escuro mesmo com dor de cabe�a. Eu posso sentir isso de novo. Que bom.
Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e at� com o ovomaltine do Bob"s. As pazes com os casais que se balan�am abra�ados enquanto n�o esperam nada, as pazes com as pessoas que n�o sabem ver o que eu vejo. E eu s� vejo voc� me ensinando a dar estrela. Eu s� vejo voc� enchendo minha vida de estrelas. Se voc� puder, n�o tenha medo. Eu sou s� uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo par�grafo. Estrela, estrela, estrela. Zilh�es de vezes.
"Fazia muito tempo que eu n�o tinha vontade de sorrir para nada nem para ningu�m, ent�o era extraordin�rio que ele conseguisse assim perturbar os cantos de meus l�bios..."