A AURORA QUE ME ADVINHA
Nesse teu olhar de peregrino,
Que te d� um jeito t�o divino,
Escondes o azul que me enleia,
�s meu oceano e eu, tua sereia.
Amo-te assim e tanto e tudo
Meu insaci�vel furac�o,
Com o mesmo amor mudo
Que um poeta ama a paix�o.
Mar revolto ou f�rreo deserto,
Salva-me teu corpo em al�vio,
Me perfuma teu odor aberto,
Ora de enigma, ora de fasc�nio.
Assim como queima o incenso,
Tal � o desejo que me arde,
�s o deus do meu anseio intenso,
Que me toma e doma sem alarde.
Ah! Essa tortura... minha del�cia...
Que t�o suave mas t�o forte,
Fazes renascer na tua car�cia,
Minh"alma tantas vezes � morte.
Teus meandros amorosos...
Tua pele, tuas m�os nervosas...
Com movimentos langorosos,
Comp�em-me em notas maviosas.
Muitas vezes me tens perdida,
Na tua sanha misteriosa,
S�o teus beijos... ou mordidas,
Que me colhem tensa rosa.
Adivinhas-me tua amante...
Com risos, desse meu sem jeito,
Mas pousas, logo, num instante,
L�bios e m�os sobre meu peito.
Serena, tal lua em c�u bordado,
Sob teus suspiros e gemidos,
Meu grito em lume arrebatado,
Ecoa em sil�ncios consumidos.
Minha sede em ti se sacia,
Minha alma em ti se revigora,
Das minhas noites de agonia,
Tu �s a luz da minha aurora.
Lizete Abrah�o