ï¿½ Caï¿½a de Caï¿½adores - flog.vip/vampirabalron

A minha vida ï¿½ longa, mesmo no conceito de vida de uma vampira. Digo-o sem orgulho. ï¿½ apenas um facto. Somos seres imortais, mas podemos morrer. E morremos. ï¿½Entï¿½o nï¿½o sï¿½o imortaisï¿½, dirï¿½o vocï¿½s. Eu direi que, poderemos viver eternamente, mediante certas condiï¿½ï¿½es. Tal como os seres humanos podem viver uma mï¿½dia de 80 anos, se observarem determinados procedimentos. O Sol ï¿½ o nosso ï¿½nico verdadeiro inimigo. O fogo tambï¿½m nos pode aniquilar. Mas hï¿½ ainda outra coisa que nos pode matar, mas falarei dela noutra ocasiï¿½o.Acordei cedo, mal o sol tinha desaparecido no horizonte. Levantei-me, tomei um duche, maquilhei-me com alguma generosidade, pois a minha pele jï¿½ apresentava aquela brancura translï¿½cida, ligeiramente acinzentada, que poderia levantar suspeitas, a uns olhos perspicazes. Nï¿½o que isso me incomodasse, ou causasse algum embaraï¿½o aos meus planos, mas porque me dï¿½ prazer ser bela e apetecï¿½vel. Vesti-me elegantemente e fui caï¿½ar. ï¿½ na caï¿½a que encontro o verdadeiro ï¿½xtase. Todos os vampiros sabem isso. Uma longa seduï¿½ï¿½o, que culminarï¿½ num prazer breve, mas vibrante e compensador. Para vos situar, encantar, morder e sugar um humano, sentir a mï¿½sica da circulaï¿½ï¿½o do seu sangue, abandonar-me nela, deixar-me envolver pela sua louca melodia, equivale ao vosso orgasmo, quando fazem amorA minha caï¿½a estava preparada hï¿½ alguns dias. Tï¿½o fï¿½cil de seduzir, tï¿½o pateticamente louco de desejo... Suguei-o atï¿½, quase, ï¿½ sua ï¿½ltima gota de sangue. Senti o seu coraï¿½ï¿½o bater, cada vez mais lentamente, atï¿½ parar. Fiquei exausta. O meu corpo frio, atingiu uma temperatura quase humana. Sentei-me na borda da cama e apreciei a minha obra. Senti-me duplamente satisfeita. Extasiada. Estava feito. Morto, nu, deitado sobre a grande cama, num hotel de cinco estrelas, jazia um dos milhares de filhos da puta, que traficam adolescentes dos paï¿½ses de leste. Sï¿½o caï¿½adores vorazes, cujo ï¿½nico objetivo ï¿½ ganhar somas impensï¿½veis de dinheiro, satisfazendo as necessidades esquizofrï¿½nicas e as paranï¿½ias sï¿½dicas, de gordurosos empresï¿½rios, membros de governos, mediï¿½ticos dirigentes ideolï¿½gicos, brutos banqueiros, certos membros da polï¿½cia e toda a espï¿½cie de vermes, que sentem prazer na crueldade. Este caï¿½ava crianï¿½as, algumas mal entradas na adolescï¿½ncia, para satisfazer violadores e sï¿½dicos, escondidos nas capas de respeitabilidade, que a estrutura social e o dinheiro lhes proporcionam. Quando estas crianï¿½as chegam perto da idade adulta, sï¿½o irremediavelmente integradas em nojentas redes de prostituiï¿½ï¿½o. Este miserï¿½vel, nunca mais ganharï¿½ dinheiro, com a dor e o sofrimento, dum seu semelhante. Este merdas, nunca mais sentirï¿½ o prazer de preparar a armadilha ï¿½ sua presa.Depois agi rapidamente. Desprezei as minhas impressï¿½es digitais, pois elas nunca seriam relacionadas com a minha atual identidade. Disfarcei os rasgï¿½es dos caninos, com alguns golpes hï¿½beis, feitos com uma velha adaga. O facto do homem nï¿½o ter sangue, era a minha assinatura. Um quebra cabeï¿½as para a policia. Sentei-me ï¿½ secretï¿½ria e, no papel de carta do hotel, escrevi algumas notas. Algumas palavras, que deveriam pï¿½r as autoridades, na pista daquela rede de prostituiï¿½ï¿½o infantil. Embora, me dissesse a experiï¿½ncia, que essas notas seriam mais tarde arquivadas. Isto, porque uma investigaï¿½ï¿½o de rotina, levaria a nada e as autoridades, nï¿½o poderiam dispensar pessoal, para correr atrï¿½s de uma ideia, sugerida por um assassino. Lavei as mï¿½os e a adaga, com todo o cuidado. Depois abri a porta do quarto, percorri o corredor, desci as escadas, atravessei o quase deserto hall de entrada e saï¿½ para a rua. Ninguï¿½m me viu entrar. Ninguï¿½m me viu sair. Quanto muito, algumas pessoas mais sensï¿½veis, poderï¿½o ter sentido uma ligeira deslocaï¿½ï¿½o do ar.Hï¿½ uns dois sï¿½culos a esta parte, salvo algumas exceï¿½ï¿½es, caï¿½o fundamentalmente caï¿½adores, homens cruï¿½is, cuja ambiï¿½ï¿½o transformou em vis escroques da sociedade. Nï¿½o, nï¿½o me tornei uma vampira ï¿½boaï¿½. Os vampiros sï¿½o monstros e, quando sï¿½o muito jovens, quando tï¿½m fome, medo, quando se sentem encurralados, ou, quando aqueles que amam, se encontram em perigo, matam feroz e indiscriminadamente. Eu nï¿½o sou exceï¿½ï¿½o. Sou o que sou. Apenas optei por viver a minha vida no seio da sociedade humana, e, ao longo dos anos, nï¿½o me tornei um monstro ï¿½bonzinhoï¿½ - isso sï¿½ existe nas mentes romï¿½nticas e dadas a fantasias, dos humanos ï¿½ tornei-me apenas mais responsï¿½vel.