Este "Poema da Mente" atribuido a AFFONSO ROMANO DE SANT"ANNA,
� uma vers�o encurtada e modificada de �A IMPLOS�O DA MENTIRA�,
de Affonso Romano de Sant"Anna. � de 1980, e refere-se ao atentado
do Riocentro Show no Dia do Trabalhador, quando uma bomba explode
em um Puma, matando Sargento e aleijando Capit�o). O original, que
n�o faz refer�ncia ao presidente buf�o, foi musicado por Remy Portilho.
"A IMPLOS�O DA MENTIRA"
Mentiram - me.
Mentiram - me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira t�o pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem sobretudo impunemente.
N�o mentem tristes,
alegremente mentem.
Mentem t�o nacionalmente
que acho que mentindo hist�ria a fora
v�o enganar a morte eternamente.
Mentem, mentem e calam
mas nas frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade � dif�cil e para alguns � cara e escura,
mas n�o se chega � verdade pela mentira
nem � democracia pela ditadura.
Evidentemente crer que uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo permanentemente.
Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carro�a � besta em frente,
mentem como a doen�a ao doente,
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma lavadeira mente
ao ver a n�doa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na m�o o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos seus instantes de febre,
mentem fabulosamente
como o ca�ador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a ca�a � que ca�a o ca�ador
e assim cada qual mente indubitavelmente.
Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir t�o bravamente
constr�em um pa�s de mentiras diariamente.
________ Affonso Romano de Sant"Anna
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