Do alto da colina ao longe, imponente se avistava
o casar�o branco com seus vinte janel�es azuis:
Fazenda S�o Jos�, a menina-dos-olhos de meu av�!
O sino acorda o sil�ncio, despertando lembran�as.
Hoje � domingo, dia de missa, encontrar os primos.
Dia de festa, algod�o-doce, pipoca e amendoim.
Velhas recorda��es ressurgem em ondas mansas
ao som do piano, minha M�e, dedilhando nostalgia.
Bananeiras derramando doirados cachos de sol.
Quaresmeiras floridas e o ip� amarelo, xod� de
mam�e, dizendo: n�o pise na grama! des�a da�!
n�o saia na chuva! v� estudar! olha o vagalume!
O retinir do balde ao tirar-o-leite no curral,
amores de sabi�s nos pessegueiros em flor,
casinhas de jo�o-de-barro me encantando,
as rosas aos beijos no sol, perfumando a vida.
No velho engenho, cheirinho de cana, a roda
d"�gua em cadenciado gemido, responde ao boi
pastando ao longe, o c�rrego passando, enfeitando
a paisagem de todos os verdes da m�e natureza!
Na rosa vermelha, tardinha se faz!
A pipa cortando o c�u, reflete nas nuvens
em bolinhas de sab�o, o olhar de menina,
elegante aeromo�a, viajando pelo mundo.
No capim orvalhado a aranha tece renda delicada
sorrindo para mim, e eu procurando minha bola,
entre as aboboreiras que ningu�m plantou
e que derramavam flores. Meu Mundo encantado!
Saudade... velha amiga, finjo que n�o a conhe�o.
Desconhe�o!! Olho para as nuvens no c�u azul:
- Cad� meu castelo, Rainha que sou?
E ela vem de mansinho, a l�grima rola, saudade!!
� VERLUCI ALMEIDA
16-02-2006
Direitos Autorais protegidos
pela Lei 9.610 de 19/02/98.
Quem disse que eu me mudei?
N�o importa que a tenham demolido:
A gente continua morando
na velha casa em que nasceu.
( M�rio Quintana )
"