DIAGN�STICO Os primeiros surtos de transtorno bipolar surgem como crises de depress�o em 60% dos casos, da� a dificuldade no diagn�stico. O transtorno aparece, em geral, at� os 25 anos. Quando a doen�a se manifesta como mania, os sintomas s�o confundidos com os de esquizofrenia (megalomania, alucina��es). "O diagn�stico leva at� dez anos", afirma Helena Calil, psiquiatra e professora da Unifesp. A dificuldade de determinar a doen�a � comum entre os transtornos mentais, lembra Jair Soares, psiquiatra brasileiro e pesquisador na Universidade do Texas em Houston (EUA). N�o h� um marcador biol�gico que possa ser medido em um teste. "Dependemos do diagn�stico cl�nico, da descri��o dos sintomas pelo paciente", completa Soares. A avalia��o cl�nica n�o consegue diferenciar uma depress�o bipolar de outras. "O tratamento com antidepressivo puro pode agravar a doen�a. � um risco. �s vezes, s� assim para descobrir", diz a psiquiatra �ngela Scippa. Os casos mais complexos envolvem crises de hipomania, uma mania leve que pode aparecer como ci�me ou irritabilidade. Sentimentos normais que, no bipolar, s�o exagerados e causam preju�zos � vida --essa � a fronteira entre normal e patol�gico. O alerta deve vir quando a fam�lia se queixa de instabilidade: a pessoa mostra altera��es vis�veis e fases de normalidade. Outros sinais s�o: hist�rico familiar (80% dos casos s�o heredit�rios), altera��es no sono e uso de �lcool e drogas (metade dos bipolares � dependente). HIPOMANIA LEVE Antes, o transtorno bipolar era conhecido como psicose man�aco-depressiva e inclu�a casos mais graves. Agora, se discute se pessoas com depress�o e hipomania leve (irritadas, ciumentas demais) devem ser tratadas como bipolares --metade dos que sofrem de depress�o se enquadra no perfil. Ou seja, 10% da popula��o. "J� h� evid�ncias cient�ficas para isso", defende o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Cl�nicas da USP. Para Soares, se a caracteriza��o for expandida demais, corre o risco de abarcar gente que n�o se beneficiar� com o tratamento. "Ser� que vamos tratar pacientes que, em vez de melhorar, v�o piorar?", diz. A psicoterapia aumenta a ades�o ao tratamento com rem�dios e ajuda a pessoa a conhecer os gatilhos das crises. "� importante, mas complementar", diz Leandro Malloy-Diniz, psic�logo e presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.