Estou triste hoje. Estou triste h� dias. Estou triste desde que percebi que alguns sonhos, alguns planos, simplesmente escorreram pelas minhas ma�s como se fosse �gua. � doloroso ver as coisas que constru�mos se desmoronar com uma simples tempestade. Que paradoxo. Tempestade nunca � simples, sempre deixa estragos, �s vezes irrecuper�veis. As rela��es tamb�m s�o assim. Uma vez perdido o encanto, a magia, dificilmente se recupera. � como a confian�a: quando se perde, nunca mais ela volta a ser a mesma. A gente sempre tem a ilus�o de que tudo pode ser como era antes. Ah, doce ilus�o! As coisas n�o funcionam assim, nem as pessoas. O tempo est� passando e eu vejo que em vez de alicerces fortes, constru� uma cabana, que pode desaparecer no primeiro vendaval. As coisas que sonhei, jamais v�o se realizar. As pessoas que escolhi pra fazer parte da minha vida, pra dividir, pra somar, pra multiplicar, est�o indo embora. Assim, como quem vai na esquina comprar cigarros e nunca mais volta. Essa sensa��o de perda, causa um vazio muito grande e uma ang�stia maior ainda. Acho que n�o sou uma boa perdedora, sofro demais quando n�o consigo as coisas que eu sonhara, que eu desejara e que eu lutara tanto para conseguir. D�i demais, ver algu�m ir embora. D�i demais abrir m�o de ser feliz. Mas �s vezes, a felicidade de um n�o � a felicidade de outro. E se n�o entendermos isso estamos sendo ego�stas. S� que o amor, aquele que dizemos ser incondicional, quer ver os outros felizes, mesmo que seja longe de n�s. Mas � duro, n�o termos mais a presen�a, n�o termos mais o sorriso, o carinho, a palavra amiga, o beijo�� duro saber que um dia as coisas foram perfeitas e de repente, acaba tudo. Mas eu j� tenho 44 anos, sei que n�o d� pra se iludir com coisas que sabemos n�o ter mais conserto. Tentar, tentar e tentar, realmente n�o custa nada, talvez um sofrimentozinho a mais e s�. �s vezes, vale a pena, outras vezes � em v�o. Como eu acho que � agora. Ser�o tentativas frustradas de deixar perfeito um vaso que se quebrou em pedacinhos. Podemos at� ter a paci�ncia de colar caco por caco, mas l� no fundo, temos a certeza de que jamais voltar� a ser a mesma coisa. Pois a magia da perfei��o, nunca ser� recuperada. Preciso terminar esse texto, pois aquele n� na garganta que me acompanha desde que meu cora��o se machucou, insiste em permanecer aqui, me angustiando cada vez mais. Um beijo!
Marilia Santos