Fico sempre a perguntar-me onde falhei, o que faltou, porquê e porquê... Tenho este enorme problema, assumidissimo, de pensar demais. Penso antes, durante e depois. Questiono todas as minhas escolhas, o que poderia ter feito diferente, que palavras poderia ter trocado, que atitudes poderia ter emendado. Coloco-me no lugar do outro, tantas vezes quantas forem necessárias e quando não encontro as respostas, demoro até encontrar a minha paz. Tenho sempre a consciência de que há muito a melhorar, que podemos sempre aperfeiçoar e se há coisa que me inquieta é esta incerteza das coisas, estas dúvidas em relação a mim e aos outros.
Gosto de estar bem comigo e com os meus e quando as situações mudam sem que eu consiga perceber o porquê, abala-me de uma forma que me consome. Nem sempre agimos de uma forma intencional e até podemos acabar por magoar os outros, mas gosto de o saber. E embora tenha uma mente inquieta que, às vezes pode tornar-se um verdadeiro tsunami, a minha preocupação é saber que não falhei com ninguém, pelo menos de forma deliberada... E sentir que pessoas de quem gosto se vão sem um porquê, encolhe-me por dentro. Eu sei que nem toda a gente é de ficar, aliás, a grande maioria é temporária, mas sei lá... dói-me. Pelas partilhas, pelo afecto, pela conexão... e por tantos outros factores que eu não posso controlar. Gosto de guardar pessoas na minha vida e mesmo que deixem de fazer parte do meu quotidiano, preciso de tudo explicado. Preciso de perceber tudo, preciso de deixar um ambiente saudável e guardar as coisas bonitas... Outro defeito. Tenho noção que sou a personificação de intensidade, que prende e afasta na mesma medida, tenho noção de que as minhas palavras são, muitas vezes um choque, precisamente pela intensidade que lhes dou. Tenho noção de que toda eu sou uma bagunça embutida num corpo, mas não há nada que me incomode mais do que vazios, de quando não sobra nada...
(Chocolate Não Dói.)