Somos feitos de tanto.
Temos tantas gavetas diferentes.
Arrumamos umas, desarrumamos outras.
Abrimos as que deixamos, a quem queremos.
Outras ficam trancadas e intocáveis.
Contêm segredos e memórias. Alegrias e desgostos.
Temos amiúde a ilusão de que estão todas alinhadas. Exatamente onde devem estar, a deslizar suavemente enquanto se abrem e fecham numa harmonia hipnotizante.
Até percebermos que alguma se abre violentamente e abana as outras todas. Instala-se o caos.
Começamos tudo outra vez.
É a nossa essência.
Somos feitos de tanto.
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(Psicologa Ana Rita)