Te amei. Fiz escolhas. Boas ou ruins. Apenas o tempo dir�. Nunca tive a inten��o de te magoar. Assumo meus erros e minhas falhas mais perversas. N�o sou a mulher maravilha que voc�, um dia, idealizou. Nunca fui A mulher dos seus sonhos. Sou uma libert�ria incorrig�vel. Sou uma amante da vida. Sou uma amante do mundo. E, mesmo assim, me enrosco em minhas pr�prias contradi��es. Busco um mundo melhor. Busco paz entre todos os seres vivos. Busco o amor incondicional ao pr�ximo. E, mesmo assim, magoo meus amigos, magoo minha fam�lia, magoo o mundo e magoo voc�. N�o sou de ferro. N�o sou a mulher ideal. N�o sou quem voc� sempre sonhou. Sou e n�o sou. Sou uma mulher mais do que comum, fugindo desesperadamente do senso comum. N�o sou mulher de esperar em casa, n�o sou mulher de me render aos h�bitos. N�o sou mulher para n�o te fazer sofrer. E te confesso bem baixinho: todos n�s fazemos o outro sofrer; n�o h� como escapar, meu amor. Eu sofri por sua idealiza��o por uma mulher que n�o existe. Voc� odiava isso em mim. Voc� repudiava minha liberdade extrema. Voc� odiava minha independ�ncia. Voc� odiava minha boemia e amargava em minhas ressacas morais e f�sicas. Ent�o, o que voc� realmente amava em mim? Sou uma mulher desenhada em falhas, processos e perdi��es. Nada do que voc� sonhava. Eu n�o posso com amarras excessivas, com algemas da inseguran�a, com clich�s do desrespeito e est�vamos andando cegas na corda bamba da desconfian�a. Somos um casal atacado pelas diferen�as, cada um tentando mudar o outro. E n�o � bem assim que as coisas funcionam. As identidades come�aram a gritar e o meu Eu, t�o sufocado, est� pedindo pelo fim... doloroso fim. Voc� odeia meus h�bitos e n�o h�bitos, voc� odeia minhas car�ncias e n�o car�ncias, voc� odeia meu esp�rito libert�rio ou n�o, voc� odeia meus discursos pol�ticos ou n�o, voc� odeia minhas distra��es ou n�o, voc� odeia minha poesia ou n�o. Voc� j� me odeia... o que nos resta? M�goas? A mim me resta o perd�o. Perdoar a mim mesma por te fazer sofrer, por ser t�o incapaz de continuar, por ser t�o covarde nesse fim, por ser t�o fraca em noites de boemia, por ser uma mulher politicamente correta repleta de contradi��es e falhas, por ser incoerente, por ser t�o est�pida. Ainda te amo e, por isso mesmo, n�o posso mais. E, por exatamente isso, pe�o seu perd�o e sei que voc� ainda vai me castigar por muito tempo, vai me culpar. Afinal, algu�m precisa cumprir o papel de vil� nessa hist�ria, n�o? Que eu assuma esse papel, pois j� me vitimizei demais nessa vida. Assumo sem qualquer pudor minha tirania. E pe�o do fundo do cora��o e com as minhas melhores energias, perd�o... perd�o... Hoje, minhas l�grimas se confundem com seu cheiro. Sempre me lembrarei de nossas risadas, nossas bebedeiras, nosso sexo, nossas extravag�ncias, nossas viagens, nossos melhores momentos. Ser�o essas as lembran�as que levarei para sempre comigo. Aquilo que ningu�m, nem mesmo voc� com sua compreens�vel raiva, poder� arrancar. Tudo isso sempre estar� em mim e envolto de ternura e carinho. Para o amanh�? Apenas o perd�o... Que perdoemos a n�s mesmos e depois um ao outro. Escrevo aqui, porque em meus escritos est�o as minhas verdades, com as contradi��es expostas e as falhas assumidas. E � aqui que nossos sonhos em conjunto terminam...
Sua para sempre!