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Elvis Presley
O Caminho do Sucesso

Numa de suas raras entrevistas a respeito de sua m�sica, Elvis disse ao Hit Parade Magazine, em janeiro de 1957, explicando como Sam Philiips o ajudara: "Voc� quer fazer um blues? - ele me perguntou, ao telefone, sabendo que eu era vidrado na coisa. Mencionou o nome de Big Boy Crudup e talvez de outros cantores, n�o me lembro. Corri quinze quarteir�es at� o escrit�rio de Mr. Phiilips. Conversamos sobre as grava��es de Crudup, principalmente All Right Mama, um dos meus favoritos."

Na Sun Records, Elvis gravou cinco discos, todos com uma can��o parecida com blues, de um lado, e um n�mero country do outro. Na �poca, ele j� havia se apresentado em toda a �rea de Memphis e chamou a aten��o de um homem com o mesmo amor, � m�sica mas com sonhos maiores e muito mais ambi��o do que Sam Phillips: era o "Coronel" Tom Parker, antigo divulgador, com um olho infal�vel para neg�cios, que predizia um futuro sem limites para Elvis.

O "Coronel" tornou-se empres�rio do garot�o e a RCA Victor comprou as grava��es de Elvis feitas na Sun. O pre�o inclu�a um Cadilac, que era extremamente caro naquela �poca: 35 mil d�lares. A fama do rapaz de Tupelo j� havia se espalhado. Ele aparecia em programas de TV, quebrava recordes de bilheteria nos concertos que fazia por todo o pa�s e conquistara uma legi�o de f�s no mundo inteiro. Atr�s de tudo, estava o "Coronel" Parker, prevendo, cuidando - e faturando.

Nos dois primeiros anos, ap�s a assinatura do contrato, Elvis deu � RCA o primeiro lugar na venda de avulsos na Am�rica, durante 55 semanas - o que representa 70% do mercado mundial de discos. Teve 12 grava��es em primeiro lugar, todas Disco de Ouro, antes de ingressar no Ex�rcito, depois do filme King Creole, em 1958. Entre as doze, estavam Heartbrake Hotel, Hound Dog, Love me Tender, Jailhouse Rock e Hard Headed Woman.

Soldado Elvis

Ent�o, veio o servi�o militar. Apesar de encarnar a rebeldia, Elvis submeteu-se, como bom americano, �s exig�ncias da lei. Foi parar na Alemanha, onde serviu nas tropas l� at� 1968. O retiro n�o abalou a sua fama. Mesmo enterrado em alguma obscura cidade germ�nica, manteve o carisma e o magnetismo de um grande �dolo. Durante este per�odo, a RCA utilizou matrizes antigas e conseguiu um novo Disco de Ouro, com Old Sh�p.

O Momento da Trai��o

Na volta, por�m, as coisas n�o estavam muito boas. Outros �dolos haviam surgido, na aus�ncia de Elvis, tomando-lhe o primeiro lugar sem muita cerim�nia. Apesar da concorr�ncia, um disco avulso de Elvis ainda vendia um milh�o de c�pias em seis dias, mas tudo parecia definitivamente mudado.

Sim: algo estava acontecendo. Elvis reaparecia num especial de TV ao lado de um homem que parecia ter desaparecido com a explos�o do rock'n'roll: Frank Sinatra. E Sinatra era considerado o inimigo n�mero um, pelos rockeiros da �poca.

P�ssima mudan�a. Uma trai��o bem planejada, isso sim. Al�m do mais, haviam todas aquelas hist�rias do Servi�o Militar, de como ele era bom rapaz e do orgulho dos oficiais pelo soldado Elvis, toda aquela conversa de como ele era um sujeito humilde, bonzinho. Agora, na volta, l� estava ele, sem costeletas, dando tapinhas nas costas de Frank Sinatra e trocando seu uniforme militar por outro um traje a rigor! Elvis Presley metido num traje a rigor!

N�o havia jeito. O sumo sacerdote do rock�n�roll estava enquadrado. O "Coronel" Parker estava l�, segurando os controles, pois havia muito dinheiro a ganhar. Assim, Elvis mergulhou na onda de baladas e filmes �gua com a��car. Sua carreira cinematogr�fica come�ara em 1958 com Love Me Tender, seguindo-se Loving You e Jailhouse Rock. A cr�tica, em geral, via os filmes de Presley como argumentos banais, alinhavados por n�meros musicais e interpretados de maneira med�ocre.

Os anos sessenta trouxeram o Beatles, tornando Elvis uma coisa do passado. Mas, por volta de 1967, o tempo pareceu colocar-se ao lado do �dolo esquecido. Os f�s amadurecidos sentiram saudades dos dias da adolesc�ncia. De repente, as antigas can��es tornaram-se novas e as pessoas come�aram a reencontrar as virtudes daquelas velhas m�sicas e o interesse nas origens do rock.

Elvis sentiu que a� estava a sua chance. Deixou de lado o "Coronel", ligando-se a Chris Moran, um do homens que viam a possibilidade de um retorno do mo�o de Tupelo ao sucesso. Moran levou Elvis de volta a Memph�s, o que resultou num bom disco: From Elvis in Memphis. Seguiram-se Suspicious Minds, lf I Can Dream, e Burning Love. Em 1971, foi lan�ado Elvis country.

A Tenta��o do Luxo

O sucesso abriu novamente as portas para Elvis e ele n�o resistiu tenta��o do luxo e do dinheiro oferecidos pelos cassinos de Las Vegas. Suas casas, seus carros, os guarda-roupa (capaz de encabular muita estrela) revelam um estilo vida de potentado �rabe. Provam tamb�m seu fasc�nio pelo glamour e seu desprezo pelo talento. Mas tem de escolher: ou ceder ao peso m�quina comercial americana ou toma consci�ncia de suas possibilidades, passando � Hist�ria como um dos grandes valores da m�sica popular do s�culo.

O Novo Recado

Qualidades n�o lhe faltam para isso; a extens�o de sua influ�ncia tamb�m � imensa. Ele parece ter sido o primeiro cantor branco, americano a encarar o sexo de uma maneira totalmente franca e natural. N�o usava eufemismos - e era quase t�o direto quanto um cantor negro, de blues. Essa franqueza � a base da mensagem com que Elvis incendiou a consci�ncia dos adolescentes na d�cada dos cinq�enta. Era um ataque frontal contra as conven��es hip�critas que os adultos impunham � juventude da Am�rica Branca.

A maneira de enunciar as letras e interpretar as melodias dava a Elvis uma autoridade e um estilo que evidentemente faltava aos outros cantores de rock da �poca. N�o era apenas os seus recursos c�nicos - o famoso rebolado dos quadris - que faziam a diferen�a. Eram principalmente as qualidades novas de sua vocaliza��o, com sons guturais misturados a timbres suaves; contrastes s�bitos de registros, etc., que davam aos jovens o novo recado



Elemento Er�tico

Muito antes que se falasse de "sociedade permissiva" ou que os Beatles manifestassem desejo de segurar a sua m�o, Elvis Presley estava insinuando que o amor � sexo o sexo � prazer. Sua m�sica era feita para dan�ar - e a dan�a � uma express�o aberta da sexualidade. No rock�n�roll, h� um elemento er�tico muito claro nos movimentos de corpo dos dan�arinos. O rapaz joga a mo�a entre suas pernas, dobra-a para tr�s levanta-a junto da cintura. As insinua��es s�o t�o evidentes que alguns afirmam que o rock�n�roll era, na verdade um substituto para o sexo de verdade

� verdade que Elvis suavizou esses aspectos de suas apresenta��es, na medida em que foi se tornando parte das institui��es americanas. Nesse sentido, ele � um exemplo t�pico de como estruturas da sociedade s�o capazes de absorver, assimilar e domesticar as express�es de rebeldia at� ajust�-las a seus pr�prios padr�es. O seu enquadramento nas tradi��es do show buss�ness americano, obra realizada principalmente pelo "Coronel" Parker, � o exemplo t�pico de um processo que iria se repetir, naturalmente em outros items, com muitos outros astros de rock, nos anos sessenta. O pr�prio rock, como fen�meno global, seria submetido a esse processo, afastando-se cada vez mais de suas ra�zes negras e evoluindo at� o glam rock de um David Bowie, por exemplo fen�meno t�pico do rock dos anos setenta.

A import�ncia hist�rica de Elvis, entretanto, � ineg�ve




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