Sonho
Qualquer coisa de obscuro permanece
No centro do meu ser. Se me conhe�o,
� at� onde, por fim mal, trope�o
No que de mim em mim de si se esquece.
Aranha absurda que uma teia tece
Feita de solid�o e de come�o
Fruste, meu ser an�nimo confesso
Pr�prio e em mim mesmo a externa treva desce.
Mas, vinda dos vest�gios da dist�ncia
Ningu�m trouxe ao meu p�lio por ter gente
Sob ele, um rasgo de saudade ou �nsia.
Remiu-se o pecador impenitente
� sombra e cisma. Teve a eterna inf�ncia,
Em que comigo forma um mesmo ente.
Fernando Pessoa