"A vida tem a cor que a gente quer ver." Edna Feitosa C. da Silva

Eu sonhei que vivia num mundo azul, no qual as crian�as sorriam, vestidas
com roupas brancas, la�os de fitas, sapatinhos de amarrar e nunca ficavam
doentes. Neste mundo n�o cabia mis�ria, dor, fome, desamor.
As pessoas se amavam num amplexo de fraternidade, doa��o e paz.
Todos sorriam, felizes, e as casas eram enfeitadas com flores do
campo, perfumadas de beleza, sem muros entre elas.
Existia tamb�m muito amor enamorado. Os casais, de m�os dadas, de todas as idades, passeavam sorrindo pelas pra�as e jardins, trocando olhares amorosos, enfeitados com o doce sabor da compreens�o e companheirismo.
Neste mundo, o amor era azul e o sorriso tinha sabor de morango.
No mundo azul tamb�m n�o existia a morte. Quando a energia vital estava se exting�indo em um de seus habitantes, os outros, em perfeita harmonia e
sintonia de vibra��es, o acolhiam num amplexo de purifica��o
e a palavra saudade era desconhecida de todos...
Neste mundo encantado tamb�m n�o haviam precip�cios, ningu�m se sentia
inseguro e solit�rio, � beira de um buraco negro, pois sempre
havia um anjo ao lado para ampar�-lo e dar-lhe for�as.
As l�grimas eram somente de alegria interior, fruto da fraternidade.
N�o havia espa�o para a inveja, o ci�me e a maldade.
Al�ava-se, a cada aurora e a cada poente, uma prece ao Criador,
em preito de gratid�o, amor e eleva��o espiritual...
Neste mundo azul, as cortinas eram brancas e rendadas, e os tapetes pareciam flocos de algod�o. O sono era sagrado e aben�oado, sem pesadelos, o sil�ncio respeitado e a palavra Injusti�a, desconhecida.
N�o haviam leis, desnecess�rias que eram, pela harmonia reinante.
Um mundo azul...



Acordei, ainda com aquela impress�o que os sonhos bons nos trazem...
levantei, abri a janela e fiquei pensando se, um dia, ir�amos habitar num
mundo assim, azulzinho, da cor do c�u, da cor do mar,
entremeado de nuances de arco-�ris e de flores coloridas...
At� que percebi pequeno beija-flor, sugando, delicadamente, o alimento que o mantinha vivo. Acompanhei seu voar e percebi, um pouco al�m, seu ninho,
com dois filhotes tenros, pequeninos, reclamando o alimento necess�rio... e
o beija-flor, com todo seu encanto, os alimentou, sem perceber
a cena inesquec�vel com a qual me presenteava...
E, como se fosse um mensageiro dos anjos, a me trazer um recado do
C�u, me dei conta de que n�o havia sonhado... que o meu mundo
poderia ser azul e perfeito... dependeria, apenas, do que eu fizesse
dele, e de quantos beija-flores eu tivesse a capacidade
de contemplar com o meu olhar azul...