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TRIBUNAIS.
Por coisas t�o banais,
Fui levado aos tribunais,
No outro dia em todos os jornais,
Escrito em letras garrafais:
Condenado por amar demais.
Fui julgado por juizes ascetas,
Que n�o acreditavam que os profetas
Viajavam em rabos de cometas
Para visitarem suas netas
Da Babil�nia, e que os bebes de provetas,
N�o s�o coisas absoletas.
Meu julgamento foi t�o complexo,
S� olharam o c�ncavo, deixaram o convexo,
De lado, por acharem sem nexo,
Que meu anjo voasse perplexo,
Para iluminar-me com seu reflexo.
Fui deportado e levado
Para um lugar cercado
Por pedras, s� de um lado,
O outro era um descampado,
Quando vi aquilo, me senti abandonado.
Andava, andava, andava,
E tudo me fastidiava,
O pesar me dominava,
E sa�da, em lugar algum achava,
Em meu peito, foi cravada a clava.
Por longos anos perambulei,
At� que um dia encontrei
Um senhor, de barba branca e longa,
Que me falou do amor,
Sem nunca ter amado,
Falou-me da dor,
Sem nunca ter sofrido,
Do casamento,
Sem nunca ter casado,
Do perd�o,
Sem nunca ter sido perdoado.
Meu Deus, meu Deus,
Quem �s tu senhor, perguntei.
Nada respondeu,
Assim como chegou,
Partiu ,
Deixando ali, um suave perfume,
De flores,
Que lembravam amores,
Pertos, distantes, passados,
Partidos, repartidos,
Mas nunca esquecidos.
A� ent�o senti,
Que realmente,
Estava preso,
Entre a dor,
O amor
E a solid�o,
E aquela vis�o,
Feito homem,
� a masmorra
Intranspon�vel,
Que guarda
O meu amor maior.
Fernando Lucho.