Há pais que somente são pais dentro do casamento. Quando se separam, deixam a paternidade com a esposa. Acham que os filhos são do relacionamento, não deles. Abandonam as crianças, como se fossem enteados de ocasião. A paternidade é vista como um capricho do romance, não uma decisão pessoal para a vida inteira. Enquanto têm interesse na sua companheira, revelam zelo e preocupação com seus dependentes.
Após o divórcio, largam todos. Além da ex-esposa, criam a categoria de ex-filho. Desaparecem, espaçam as visitas, estreitam os telefonemas, mudam de perfil, rompem os laços. Não carregam culpa, capazes de engravidar de novo em outra história e repetir a dedicação e o consequente êxodo. A alienação com filhos anteriores não impede a reincidência. Formam uma segunda famÃlia do zero, absolutamente desmemoriados. A paternidade aparece como um ciclo do namoro, jamais como responsabilidade integral. É um contexto provisório, uma circunstância da sedução. Desprezam o caráter permanente do envolvimento filial. São pais de fachada, psicopatas do amor.