Quanto mais lemos, refletimos, estudamos ou nos doamos, quanto mais aprendemos a ter compaixão pelos outros, mais nos sentimos desacompanhados e incompreendidos neste mundo de opiniões agressivas, intolerantes e de pouca sensibilidade.
Existe um ditado que diz que a ignorância é uma bênção; Quando ignoramos as complexidades, as verdades são sempre fáceis e reducionistas, as respostas são simplistas, quase sempre “Sim” ou “Não”. Acontece que as pessoas que escolhem facilmente entre o “Sim” e o “Não” – sem maiores reflexões, sem ressalvas ou tons de cinza – quase nunca sustentam as suas opiniões por coerência, mas sim por buscarem aprovação e conforto. É o caminho mais fácil, de fato. Abrir a cabeça e observar que os caminhos da vida são mais vetoriais é uma escolha difícil e cansativa. A maioria não está disposta a fazê-la, mas se isso é uma bênção ou uma lástima está aberto a discussão.
O que sei é que a evolução pessoal, seja ela mental, emocional ou espiritual, cobra de nós um preço: A sensação de estarmos sozinhos, nadando contra a maré. E isso cansa, especialmente quando sentimos a necessidade de explicar as nossas escolhas para os outros. Por isso, muitas vezes, para me afastar dessa fadiga, escolho as minhas plantas e o sol que bate na janela da minha sala ao amanhecer – Eles nunca me traem.
A solidão é, muitas vezes, o efeito colateral de sair da caixinha de opiniões prontas e gritadas aos quatro ventos, para quem quer se desprender de supostas certezas e regras de um mundo que se mostra, às vezes, tão pequeno e cruel, para quem quer sair de um molde raso e limitante e viver com um pouco mais de sabedoria e autenticidade. Parece triste, e talvez até seja, mas a vida sempre será um pouco mais solitária para quem escolheu o caminho do crescimento interior.
Ter a ciência de que a vida pode ser solitária, mas não se sentir sozinho por conta disso, por mais antagônico que seja, é o desafio que abraçamos todos os dias. Ironicamente, sentir-se sozinho no mundo é uma constante na vida de muitas pessoas que ousam ser originais. Talvez sirva de consolo saber que estamos sozinhos, mas em boa companhia.
Fred Elboni