Boa parte do que impera no silêncio também é resposta. Mas, em muitos momentos, a gente se nega a aceitar o óbvio que se cria no vago do silêncio. Estamos acostumados com quase tudo cristalino, óbvio e claro, mas algumas coisas ficam no que não é dito.
Parece ruim, mas, às vezes, não fazer barulho é tudo que cabe dentro daquela troca. Ocupar o silêncio é também saber observar o que está sendo dito, na mesma fração em que julgamos que nada foi dito.
Nem sempre as coisas vão ficar bem conversadas ou resolvidas. Vamos precisar aprender com aquilo que foge do nosso controle ou da nossa vontade de resolver. Alguns espaços ficam sem uma resolução, porque, naquele momento, é o que cabe ser feito.
Essa ânsia de querer tudo em “pratos limpos” é uma forma saudável de resolver conflitos, mas é preciso entender quando isso não acontece. Parar de procurar respostas no vazio, porque, às vezes, ele é apenas um vazio. É hora de levantar, abrir a janela, deixar o sol entrar e limpar a poeira que está ali.
Talvez precisemos entender que o silêncio é uma forma de comunicação, e, por vezes, ele está dizendo o óbvio. Sinais como a indiferença, o descaso e a falta de responsabilidade são comportamentos que acompanham o silêncio. Eles estavam ali, mas você se negou a ver, porque é mais confortável buscar respostas “concretas”, quando o que é claro já está sendo mostrado.
Observar o que se cria no silêncio é essencial para não inventar respostas fictícias, quando elas já estão diante de você.
— Matheus Vieira