Somos uma geração viciada em perfomance. Eu realmente me interesso por isso? Ou tudo que eu acho me interessar é, na verdade, resultado de um desejo de parecer mais interessante? Interesse em ser interessante? Seria esse o combustÃvel dos novos tempos? Falamos de trabalho, literatura, cinema, gastronomia, não queremos admitir, mas nos sentimos superiores intelectualmente aos que discutem apenas banalidades, romantizamos até o que é banal, e mesmo assim, à s vezes, sentimos uma inquietude. Percebemos em torno de nós mesmos, uma inconclusão, um vácuo, que não conseguimos tirar da cabeça. Não falamos de dinheiro, apesar de pensarmos nele o tempo inteiro. Temos amigos, mas não gostamos de incomodá-los, sem querer demonstrar uma necessidade muito explÃcita de ter alguém em quem se agarrar. Temos sonhos, desejos, mas precisamos que eles se realizem rápido, a própria ideia de gradualidade incompatÃvel com o que sabemos da vida. O futuro aparece desfocado, não conseguimos imaginá-lo substancialmente diverso de nossa vida cotidiana. Uma nostalgia culposa de uma época não vivida, a sensação de que para as gerações passadas, tinha sido mais fácil entender quem se era, hoje as escolhas são múltiplas, e cada uma se estende em uma selva de bifurcações que acaba excluindo qualquer possibilidade de mudança drástica. Nos conformamos com isso, não há escolha, buscamos as perfeições da vida e seguimos.
— .(Escrito dia 22/08/2025, às 13:01).